terça-feira, 24 de novembro de 2009

A última rainha

A notícia da morte da última, que foi também a primeira, rainha da Líbia é certamente uma nota de rodapé da História. Quem se lembra hoje, depois de 40 anos de Khadafi, que a Líbia teve uma monarquia? Mas a verdade é que teve, com o intrépido Idris El Senussi ( 1889-1983), então emir de Cirenaica, a ser coroado em 1951 como rei da Líbia, sobretudo pelo papel que teve na luta contra o colonialismo italiano.
Foram precisamente as tropas italianas que obrigaram ao primeiro exílio de Idris e da sua mulher, Fatima Ahmed El Sherif ( 1910-2009), também sua prima e ambos descendentes do Profeta, no Egipto. Com o fim da Segunda Guerra Mundial, a Líbia tornou-se completamente independente e os príncipes de Cirenaica, líderes do movimento nacionalista, foram escolhidos como reis da Líbia. E reinaram até ao dia 1 de Setembro de 1969, quando, aproveitando a ausência dos monarcas para que Idris fosse operado aos olhos, Khadafi e outros jovens militares esquerdistas derrubaram a monarquia.
E os reis líbios regressaram ao exílio egípcio onde viveram até às respectivas mortes, tendo vivido tranquilamente graças a Nasser que lhes deu uma moradia e uma pensão, generosidade mantida pelos sucessivos presidentes egípcios.
Muito considerados no mundo árabe, foram sempre recebidos com a dignidade devida aos reis depostos nas monarquias islâmicas, especialmente na Árabia Saudita onde agora Fatima El Sherif, falecida no passado mês de Outubro, repousa para sempre na cidade santa de Medina.

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