"Não há contradição em dizer-se que a partitura do Mandarim Milagroso de Bela Bartók é áspera, repelente, e mesmo feia, louvando ao mesmo tempo, a obra como um dos triunfos da música moderna. As suas virtudes estéticas são de uma ordem diferente daquelas que estão presentes na Pavane de Fauré, cuja única aspiração é ser primorosamente bela, obtendo nisso sucesso. (...) Podemos ir ao ponto de dizer que certas obras de arte são demasiado belas: que nos arrebatam quando deviam perturbar, ou que dão lugar a uma intoxicação onírica quando o adequado seria um gesto severo de desepero. (...) Tudo isto sugere que devemos acautelar-nos e não dar importância às palavras, incluindo a palavra que define o tema deste livro".
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Roger Scruton, Beleza, Lisboa: Guerra e Paz, S.A., 2009, p. 26-27.
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Roger Scruton é um filósofo britânico (1944-). É professor, escritor, jornalista e compositor. Foi condecorado por Vaclav Havel pelos serviços prestados ao povo checo na resistência à opressão comunista. Foi mais uma oferta de Natal.
Parece que se está a vender bem entre nós a tradução do Scruton. Pessoalmente, acho-o um pouco "reaccionário", não tanto no domínio da Estética mas noutros campos filosóficos.
ResponderEliminarPuxa...
ResponderEliminarM.
Luís,
ResponderEliminarNão sei dizer se é "reaccionário", só comecei agora a ler!
O conceito de beleza interessa-me, ainda não li nada de inovador, mas escreve bem.
Esclareço: O "reaccionarismo" que imputo a Scruton tem sobretudo a ver com temas de Moral Sexual, domínio em que o acho demasiado conservador.
ResponderEliminarLuís,
ResponderEliminarNão conheço essa faceta de Scruton. Aliás, conheci-o aqui no blogue, numa citação que fez dele. Ofereceram-me por saberem que o conceito de beleza/estética me apaixona.
Julgo que já manifestei as minhas ideias sobre a moralidade sexual que não são conservadoras.
Não vou colocar mais excertos do livro.
Boa noite, ou será bom dia? :)