Vale a pena ver este filme de 5 minutos. Retoma o velho debate entre ética e estética, desta vez no campo da fotografia, mais propriamente no domínio da fotoreportagem.
Abri, vi, mas pensei...nas "matrioskas"...porque o sistema tem uma capacidade perversa de tudo absorver, tudo rentabilizar, tudo reproduzir "ad infinitum" de forma a anestesiar as boas consciências. Prefiro uma ética/estética escrita e seca como a de Juan Ramón Jimenéz. Ou um exemplo de vida silencioso, e paradoxalmente musical, como o de Albert Schweitzer. Desculpe-me a heterodoxia.
Vi. Estive para desligar-me do filme mas quis perceber o que tinha de estético!
É incrível como a violência pode fazer-se valer e ser reconhecida com um prémio! Prefiro a ética/estética escrita e seca como diz APS. No entanto, a moral do filme acaba por pôr em causa a estética e valorizar a ética registada na reacção da fotógrafa!
É um filme para pensar. Não gosto da violência gratuita. A violência psicológica é, por vezes, mais intensa mas gostei de ver o filme porque dá para pensar! Não queria manifestar a minha opinião mas não fui capaz de me conter.
Cara Miss: Isso é que levar a sério o princípio da prudência!
Caro APS:Abençoadas as heterodoxias! Deu dois excelentes exemplos de vidas em que o binómio está bem equilibrado. Quanto à sua apreciação do "sistema", detecto uma afinidade situacionista ( de G.Debord, obiviamente)ou é impressão minha?
Cara Ana:Esta curta ficção ilustra, quanto a mim, um dilema que creio ter sido bem real para gerações de repórteres fotográficos, especialmente os de guerra: intervir ou manter uma neutralidade absoluta? Mas mesmo que não se intervenha, tenho para mim que as imagens ficam gravadas na memória durante anos: do Iraque ao Darfur, da Palestina ao Haiti.
Não conhecia Guy Debord,senão de nome e,creio,também nunca li nada dele.Estive a ver na Wikipedia o que tinha escrito e é possível que eu pense,tangencialmente,algo próximo dele em relação à sociedade. Sou no entanto mais laico e se há algum autor,entre outros,para mim,tutelar é G.Steiner. É evidente que o ponto a que chegamos,no mundo,é insustentável.Basta acompanhar Copenhague,lembrar as razões da crise que nos atravessa... O meu comentário anterior resulta apenas dos meus próprios meios de pensar e de alguma experiência de vida pessoal.Sou do tempo em que algumas "boas almas" levavam alguns pobrezinhos à `"Versailles",aos domingos,para que pudessem comer os bolos que quisessem...Como diria o Assis Pacheco:"não posso com tanta ironia..." Como o comentário já vai do tamanho da légua da Póvoa,por aqui me fico. "Sans rancune" e cordialmente, Alberto Soares
Nada tenho contra os Situacionistas, antes pelo contrário, embora até aprecie mais as obras de Raoul Vaneigem, de uma erudição imensa, do que o Guy Debord. Agora que eles foram prescientes em relação a certos aspectos da evolução das sociedades ocidentais, parece-me inegável. Quanto ao Steiner, absolutamente de acordo. É um dos meus "maîtres a penser".
Julgo que muitas vezes os fotógrafos se preocupam mais com o seu êxito pessoal, a possível venda para as grandes revistas ou jornais,TV,etc., do que com a reportagem histórica. É preciso ter frieza para se ver e não intervir. "O Direito do mais forte à liberdade" foi um filme que me marcou tal como a frase! Infelizmente ainda é e será assim, os interesses políticos e económicos ditam as regras. Este tipo de reportagem pode ser usado nos dois sentidos quer pelos que são vitimizados, quer pelos que lutam por razões religiosas, éticas, ou outras... A violência é inestética, ou é a estética do horror e dos limites da capacidade humana, a fronteira onde acaba o homem e começa o animal! Havia muito para dizer e discutir! Peço desculpa pela extensão do comentário.
Abri, mas não vi. Receei o pior.
ResponderEliminarAbri, vi, mas pensei...nas "matrioskas"...porque
ResponderEliminaro sistema tem uma capacidade perversa de tudo absorver, tudo rentabilizar, tudo reproduzir "ad infinitum" de forma a anestesiar as boas consciências.
Prefiro uma ética/estética escrita e seca como a de Juan Ramón Jimenéz. Ou um exemplo de vida silencioso, e paradoxalmente musical, como o de Albert Schweitzer.
Desculpe-me a heterodoxia.
Vi. Estive para desligar-me do filme mas quis perceber o que tinha de estético!
ResponderEliminarÉ incrível como a violência pode fazer-se valer e ser reconhecida com um prémio!
Prefiro a ética/estética escrita e seca como diz APS.
No entanto, a moral do filme acaba por pôr em causa a estética e valorizar a ética registada na reacção da fotógrafa!
É um filme para pensar.
Não gosto da violência gratuita. A violência psicológica é, por vezes, mais intensa mas gostei de ver o filme porque dá para pensar!
Não queria manifestar a minha opinião mas não fui capaz de me conter.
Cara Miss: Isso é que levar a sério o princípio da prudência!
ResponderEliminarCaro APS:Abençoadas as heterodoxias! Deu dois excelentes exemplos de vidas em que o binómio está bem equilibrado. Quanto à sua apreciação do "sistema", detecto uma afinidade situacionista ( de G.Debord, obiviamente)ou é impressão minha?
Cara Ana:Esta curta ficção ilustra, quanto a mim, um dilema que creio ter sido bem real para gerações de repórteres fotográficos, especialmente os de guerra: intervir ou manter uma neutralidade absoluta? Mas mesmo que não se intervenha, tenho para mim que as imagens ficam gravadas na memória durante anos: do Iraque ao Darfur, da Palestina ao Haiti.
Não conhecia Guy Debord,senão de nome e,creio,também nunca li nada dele.Estive a ver na Wikipedia o que tinha escrito e é possível que eu pense,tangencialmente,algo próximo dele em relação à sociedade. Sou no entanto mais laico e se há algum autor,entre outros,para mim,tutelar é G.Steiner. É evidente que o ponto a que chegamos,no mundo,é insustentável.Basta acompanhar Copenhague,lembrar as razões da crise que nos atravessa...
ResponderEliminarO meu comentário anterior resulta apenas dos meus próprios meios de pensar e de alguma experiência de vida pessoal.Sou do tempo em que algumas "boas almas" levavam alguns pobrezinhos à `"Versailles",aos domingos,para que pudessem comer os bolos que quisessem...Como diria o Assis Pacheco:"não posso com tanta ironia..."
Como o comentário já vai do tamanho
da légua da Póvoa,por aqui me fico.
"Sans rancune" e cordialmente,
Alberto Soares
Nada tenho contra os Situacionistas, antes pelo contrário, embora até aprecie mais as obras de Raoul Vaneigem, de uma erudição imensa, do que o Guy Debord. Agora que eles foram prescientes em relação a certos aspectos da evolução das sociedades ocidentais, parece-me inegável.
ResponderEliminarQuanto ao Steiner, absolutamente de acordo. É um dos meus "maîtres a penser".
Caro Luís,:)
ResponderEliminarJulgo que muitas vezes os fotógrafos se preocupam mais com o seu êxito pessoal, a possível venda para as grandes revistas ou jornais,TV,etc., do que com a reportagem histórica.
É preciso ter frieza para se ver e não intervir.
"O Direito do mais forte à liberdade" foi um filme que me marcou tal como a frase! Infelizmente ainda é e será assim, os interesses políticos e económicos ditam as regras.
Este tipo de reportagem pode ser usado nos dois sentidos quer pelos que são vitimizados, quer pelos que lutam por razões religiosas, éticas, ou outras...
A violência é inestética, ou é a estética do horror e dos limites da capacidade humana, a fronteira onde acaba o homem e começa o animal!
Havia muito para dizer e discutir!
Peço desculpa pela extensão do comentário.