Numa correspondência dirigida ao seu amigo August Thomas de Viena no dia seguinte, Donizetti transmite as suas impressões (trad. inglês): “I believe that the success has been one of the most clamorous possible. If such enthusiasm is maintained in subsequent performances I shall be very happy. In the midst of this let me tell you that (the journal) Le Charivari, to which they always give 5 tickets, received only 2 and sent them back; imagine what it will say.”
No entanto, estes receios não se confirmaram. A crítica do jornal, publicada a 15 de Novembro, apreciava a nova obra de Donizetti de forma benevolente, chamando apenas atenção para a pompa excessiva do cortejo fúnebre. Na verdade, a encenação do funeral ocorreu num momento menos feliz: em 1842, falecera o filho mais velho de Louis-Philippe, o Duque Ferdinand-Philippe d'Orléans, considerado um dos poucos membros populares da família real francesa na época. A cena do funeral, em todo o seu esplendor, terá suscitado recordações tristes desse trágico acontecimento por parte do público. Segundo testemunhos da primeira récita, terá a Marquesa de Las Marismas desmaiado, e o Príncipe de Joinville ter-se-á retirado de comoção na parte discreta do seu camarote.
As reacções, quer do público, quer de críticos, foram favoráveis de modo geral. O libretista de Don Pasquale, Giovanni Ruffini, referia a 20 de Novembro (trad. inglês): “Last week was, it may be said, a week of terrible theatrical fatigue. On Monday to D. Sébastien, on Tuesday to Maria di Rohan. … There’s very beautiful music in these two operas, very fine pieces! There are twenty-four of them in D. Sébastien, a colossal score. The sucess of the two operas has been all that one would desire; that of D. Sébastien greater than that of Maria. “
Gaetano Donizetti reviu a versão original, tendo assim criado uma versão para a “província” francesa, menos exigente em cenários e mais apta aos palcos fora de Paris. Introduziu novamente alterações por ocasião da estreia em Viena, interpretada em alemão no Kärtnertortheater a 6 de Fevereiro de 1845. O público austríaco aclamou Dom Sébastien que permaneceu no repertório vienense em todas as temporadas até 1865.
O destino desta ópera, tal como o do protagonista, caiu em desgraça a partir de 1880. Dom Sébastien desapareceu praticamente das programações operáticas a partir dessa data, excepto algumas produções em Itália entre 1909 e 1911. Ao contrário de outras obras de Donizetti, não renasceu do esquecimento após 1945. Poucas foram as tentativas de repor o rei português em palco. O único registo sonoro em CD data de 2005, captado no Covent Garden londrino com a excelente interpretação de Vesselina Kasarova no papel de Zayda.
Dom Sébastien, roi de Portugal passou pelo Teatro Nacional de S. Carlos em Lisboa em 1845 e pelo Teatro Nacional de S. João no Porto em 1855. Desde então, aguardamos a vinda musical do Desejado …
Segunda imagem: Gilbert-Louis Duprez, o "primeiro" D. Sebastião operático; Terceira imagem: a meio-soprano Rosine Stolz
Gostei desta rubrica.
ResponderEliminar