quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

A nossa vinheta


Andy Warhol – Angel, ca 1957
A partir de hoje, e durante uns dias, será este Anjo natalício.


O ANJO

Intangível assim
quem lhe pressente
nessa beleza, além,
asas mais leves?

Presença, serafim
que transparente
aqui pouca e sustém
as horas breves.

Mas sempre sem sinal
- o anjo se elide
em tudo – e nesse raio

que no ar seu cristal
ora reincide
a luz é só desmaio.

Maria Ângela Alvim
In: Superfície: toda poesia. Lisboa: Assírio & Alvim, 2002, p. 81

3 comentários:

  1. Também concordo com JP, :) e deixo outro "anjo", de um poeta que tem andado muito por este blogue:

    O ANJO

    Tive um Sonho! Que adivinha?
    Era eu virgem Rainha:
    Guardada por Anjo amável:
    Dor sem razão, inconsolável!

    Eu chorava dia e noite,
    Ele limpava-me as lágrimas,
    Eu chorava noite e dia,
    Dele o coração escondia.

    Abriu asas e fugiu:
    A manhã corou rosada:
    Sequei o pranto & escudei
    Meu medo em lanças de lei.

    Em breve o Anjo voltou;
    Veio em vão, eu estava armada:
    Pois fugira a mocidade,
    Cabelo branco me cobrira.

    William Blake
    Tradução de Manuel Portela

    A ilustração podem vê-la, com as cores um pouco adulteradas, em: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/88/Blake_The_Angel.jpg

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  2. Estes anjinhos papudos,para mim,
    são sempre estimáveis e bem-vindos.

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