Pois é, assim vai o jornalismo português cada vez mais nas mãos dos grupos económicos que visam o lucro em detrimento da autonomia jornalística e identidade profissional, da formação ou das condições de trabalho de todos quantos trabalham neste sector.
Como afirma Fernando Correia (jornalista e autor de diversas obras sobre jornalismo), no seu artigo "O Jornalismo em Portugal", a procura da informação é crescentemente substituída pela sua oferta: as fontes mais poderosas e organizadas, privadas e públicas, aperfeiçoam mecanismos de persuasão/influência e de facilitação do trabalho jornalístico, dificultando a sua capacidade de iniciativa, criatividade e distanciamento e favorecendo a homogeneidade e burocratização... Profissionais exteriores ao campo jornalístico e alheios às suas especificidades cívicas e deontológicas (gestores, publicitários, relações públicas, consultores, assessores, comentadores, animadores, etc.) têm cada vez mais interferência e participação, mesmo que indirecta, na produção jornalística...
(...) Simultaneamente com a consequente perda de autonomia e espaço de manobra dos jornalistas e a sua consequente fragilização, ocorrem outros fenómenos que afectam a anterior homogeneidade do grupo e reforçam o individualismo e a dispersão, criando uma crise de identidade profissional e o sentimento de que se caminha para um novo, mas ainda indefinido, paradigma jornalístico. Este panorama fala por si e mostra até que ponto as condições de trabalho podem condicionar seriamente a qualidade, disponibilidade e responsabilidade da actividade dos jornalistas.
Não conheço estudos internacionais que eventualmente retratem outros exemplos de "sedentarização profissional" neste sector e que assim favorecem o "jornalismo sentado" ou "jornalismo do corta e cola" como antigamente se dizia, praticava e voltou a praticar-se, nas nossas redacções. Contudo, caro Luís, temo que o estudo sobre a origem das notícias, que referiste no teu post, não seja caso inédito no mundo.
MLV,
ResponderEliminarBoas Festas!
Pois, eu também imagino que não sejamos um caso único nesta matéria, fiquei foi surpreendido com a proporção do que é "fornecido" relativamente ao que é "investigado".
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