terça-feira, 22 de dezembro de 2009

O jornalismo em Portugal

Pois é, assim vai o jornalismo português cada vez mais nas mãos dos grupos económicos que visam o lucro em detrimento da autonomia jornalística e identidade profissional, da formação ou das condições de trabalho de todos quantos trabalham neste sector.
Como afirma Fernando Correia (jornalista e autor de diversas obras sobre jornalismo), no seu artigo "O Jornalismo em Portugal", a procura da informação é crescentemente substituída pela sua oferta: as fontes mais poderosas e organizadas, privadas e públicas, aperfeiçoam mecanismos de persuasão/influência e de facilitação do trabalho jornalístico, dificultando a sua capacidade de iniciativa, criatividade e distanciamento e favorecendo a homogeneidade e burocratização... Profissionais exteriores ao campo jornalístico e alheios às suas especificidades cívicas e deontológicas (gestores, publicitários, relações públicas, consultores, assessores, comentadores, animadores, etc.) têm cada vez mais interferência e participação, mesmo que indirecta, na produção jornalística...
(...) Simultaneamente com a consequente perda de autonomia e espaço de manobra dos jornalistas e a sua consequente fragilização, ocorrem outros fenómenos que afectam a anterior homogeneidade do grupo e reforçam o individualismo e a dispersão, criando uma crise de identidade profissional e o sentimento de que se caminha para um novo, mas ainda indefinido, paradigma jornalístico. Este panorama fala por si e mostra até que ponto as condições de trabalho podem condicionar seriamente a qualidade, disponibilidade e responsabilidade da actividade dos jornalistas.

Não conheço estudos internacionais que eventualmente retratem outros exemplos de "sedentarização profissional" neste sector e que assim favorecem o "jornalismo sentado" ou "jornalismo do corta e cola" como antigamente se dizia, praticava e voltou a praticar-se, nas nossas redacções. Contudo, caro Luís, temo que o estudo sobre a origem das notícias, que referiste no teu post, não seja caso inédito no mundo.

2 comentários:

  1. Pois, eu também imagino que não sejamos um caso único nesta matéria, fiquei foi surpreendido com a proporção do que é "fornecido" relativamente ao que é "investigado".

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