sábado, 4 de abril de 2009
Coliseu dos Recreios (Lisboa), Verdi : Aida
Voltei hoje ao Coliseu para ver Ópera. Curiosamente o último espectáculo de ópera que tinha visto nesta sala, pela mão da minha mãe, também tinha sido a Aida (e já lá vão mais de trinta anos...). E a acústica melhorou muito graças às obras promovidas aquando de "Lisboa, Capital de Cultura" (1994).
O conjunto esteve bem: tanto os cenários como a encenação (... embora a marcha triunfal apresentada deixasse muito a desejar... nem parecia a mesma companhia que aparece no vídeo).
As vozes não seriam as melhores do mundo mas cumpriram bem a sua missão.
. Oksana Kramaryeva (Aida) que cantou um "Ritorna vincitor" com virtusiosismo e um "O patria mia" ainda melhor.
. Georgui Oniani (Radamés)
. Dina Khamzina (Amneris)
. Mikhlail Kazakov (Ramphis)
. Yuri Nechaev (Amorasro)
O público é que já não é o mesmo. Diziam os entendidos que o público mais crítico de Lisboa era o do Coliseu. Velhos tempos... O de hoje teve nota negativa. Estavam só para ver um espectáculo, fosse ele qual fosse. Barulho constante... e até havia uma “senhora” vestida com calças de ganga, casaco de plástico e com uma “estola” [sic] (assim dizia o acompanhante da dita senhora) [mas que não passavam de uns rabinhos de arminho, (certamente comprada na loja dos chineses)] que agitava as chaves durante a marcha triunfal.... Quando a Aida cantou (maravilhosamente) a sua Ária (no 3.º acto) “O patria mia” nem pestanejaram; mas durante o primeiro acto, por tudo e por nada, a casa vinha abaixo de palmas... E nunca, mas nunca, deixaram uma frase musical terminar no fim de quadro ou de acto...
Amanhã na Gulbenkian
Carl Maria von Weber
Grande Duo Concertante
Francis Poulenc
Sonata para clarinete e piano
Witold Lutoslawski
Prelúdios de Dança
Luigi Bassi
Rioletto Fantasia Di Concerto
Vladimir Pavtchinski, clarinete
Dmitri Demiashkin, piano
Átrio da Biblioteca
12h00
Entrada livre
La buona notte dell' Eremita!
Esta foi outra das minhas compras aos Carmelitas Descalços. Eles tinham várias poções para diferentes males. Tentei dormir como um eremita e funcionou.
Guardei o frasco mas a minha relíquia são as Pérolas da Sabedoria.
Para agradecer as flores de MR.
Hallelujah - Leonard Cohen
Gosto muito de Leonard Cohen. Hoje quando vinha para casa ouvi, no carro, este cover e aqui deixo com o desejo de uma boa noite!
Pássaros: Nuno Júdice.
Pássaros
Mudos, mudados, mortificados,
estão nos troncos pousados,
na ânsia solar de telhados,
sob céus brancos e estagnados;
imóveis, parecem empurrados
por ventos abstractos e errados:
sem asas, os corpos inclinados,
mortos nos beirais desolados,
sem cantos nem versos contados.
Frios. Vagos. Astros petrificados.
Nuno Júdice, Obra Poética (1972-1985), Lisboa: Quetzal, 1999, p. 309
Mudos, mudados, mortificados,
estão nos troncos pousados,
na ânsia solar de telhados,
sob céus brancos e estagnados;
imóveis, parecem empurrados
por ventos abstractos e errados:
sem asas, os corpos inclinados,
mortos nos beirais desolados,
sem cantos nem versos contados.
Frios. Vagos. Astros petrificados.
Nuno Júdice, Obra Poética (1972-1985), Lisboa: Quetzal, 1999, p. 309
Cabbio, no Ticino
Nesta terra nasceu José Fontana em 28 de Outubro de 1840, filho de um italiano e de uma portuguesa. Veio para Portugal ainda jovem.
Companheiro de Antero de Quental, Oliveira Martins, Batalha Reis, Eça, Junqueiro, etc., pertenceu ao Cénaculo, esteve na organização das Conferências do Casino, criou numerosas organizações de trabalhadores, com destaque para a Fraternidade Operária, e foi um dos fundadores do Partido Socialista Português.
Suicidou-se com um tiro, num armazém da Livraria Bertrand, de que era co-administrador, em 2 de Setembro de 1876. Sofria atrozmente, segundo o seu testemunho, devido a um cancro na garganta.
Os Pássaros/Aves e a Arte 3.
Os Pássaros e a Arte na Idade Média e início da Modernidade: a iluminura!
Livro das Aves, atribuido a Hugo de Folieto, códice em pergaminho, manuscrito datadode 1138 do Mosteiro de Lorvão
Livro de Horas de D. Manuel, colecção presenças da imagem, Crédito Predial Português e Imprensa Nacional - Casa da Moeda. Edição sob os auspícios do Comissariado para a XVII Exposição Europeia de Arte, Ciência e Cultura, Os Descobrimentos Portugueses e a Europa do Renascimento, Conselho da Europa, Lisboa, 1983
Foi decorado em parte por António de Holanda, entre c. 1517 e c. 1538. Possui 303 folhas em pergaminho e 58 iluminuras de página inteira. Está preservado no Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa.
Opus Magnum: A Matriz, Hyeronimus Reussner, Pandora, Basileia, 1582
A veneração de Sophia como noiva mística dos filósofos ou "senhora do mundo interior", cruza-se muitas vezes com o culto da água.(Alquimia & Misticismo, Alemanha: Taschen, 2005, p. 155)
sexta-feira, 3 de abril de 2009
Costuma ser ao contrário ...
Li numa revista "cor de rosa" que Brad Pitt terá feito um "ultimato" à sua companheira de há já vários anos, a também actriz Angelina Jolie: não há mais filhos, deles ou adoptados, enquanto ela não aceitar casar-se com ele. Convenhamos que, a ser verdadeira a história ( o que até não é muito inverosímil dada a forte personalidade de Jolie ) , não é muito habitual um dos homens mais desejados do planeta fazer este tipo de ultimatos...
As redes sociais - 1
" (...) Ao segundo minuto apareceram mails dos amigos dos amigos a perguntar se eu queria ser amiga deles. Eu não sabia se era um gesto automático ou eram seres vivos, mas se fossem iriam saber que eu os recusava se eu os recusasse? E se não os recusasse ia dar-lhes o tempo que não dou a quem está comigo?
Ao terceiro minuto eu sabia. Tinha que sair dali. E comecei a correr dentro do Facebook à procura da saída.
Se toda a gente está no Facebook é provável que ninguém saiba disto: eles não querem que a gente saia, embora eu não faça ideia de quem sejam eles. A gente faz para sair e aparece um inquérito. A gente não dá motivo e o inquérito volta. A gente dá motivo mas não é suficiente. A gente desespera. E quando dá com a saída, o Facebook ainda vai atrás de nós a dizer que continuará sempre à nossa espera. (...) "
- Alexandra Lucas Coelho, Três minutos e meio no Facebook (III), no PÚBLICO de hoje.
Há três semanas que ando a ler as crónicas da Alexandra Lucas Coelho sobre o Facebook porque me tenho identificado com as mesmas perplexidades e dúvidas sobre esta rede social da net. Aliás, tenho resistido imenso às redes sociais da internet embora com algumas dúvidas perante o enorme entusiasmo de alguns amigos pelas mesmas. Entusiasmo temperado, há que dizê-lo, também com algum espanto perante alguns dos desenvolvimentos permitidos por esta rede, alguns que se prendem até com os perigos de partilhar certas informações pela net.
Por enquanto, não estou nem no Facebook, nem no Hi5, nem no Twitter, embora esteja registado em redes sociais mais específicas e sempre por convites de amigos. Mas não sei se vou resistir- raro o dia em que não receba convites para integrar esta ou aquela rede, ou visitar perfis de amigos que estão nessas redes. E já começo a recear que o meu silêncio melindre alguém, até porque não se trata de uma questão interpessoal, antes "sistémica".
Eis um dilema no "admirável mundo novo" da internet- a tensão entre a exposição e a privacidade.
Ao terceiro minuto eu sabia. Tinha que sair dali. E comecei a correr dentro do Facebook à procura da saída.
Se toda a gente está no Facebook é provável que ninguém saiba disto: eles não querem que a gente saia, embora eu não faça ideia de quem sejam eles. A gente faz para sair e aparece um inquérito. A gente não dá motivo e o inquérito volta. A gente dá motivo mas não é suficiente. A gente desespera. E quando dá com a saída, o Facebook ainda vai atrás de nós a dizer que continuará sempre à nossa espera. (...) "
- Alexandra Lucas Coelho, Três minutos e meio no Facebook (III), no PÚBLICO de hoje.
Há três semanas que ando a ler as crónicas da Alexandra Lucas Coelho sobre o Facebook porque me tenho identificado com as mesmas perplexidades e dúvidas sobre esta rede social da net. Aliás, tenho resistido imenso às redes sociais da internet embora com algumas dúvidas perante o enorme entusiasmo de alguns amigos pelas mesmas. Entusiasmo temperado, há que dizê-lo, também com algum espanto perante alguns dos desenvolvimentos permitidos por esta rede, alguns que se prendem até com os perigos de partilhar certas informações pela net.
Por enquanto, não estou nem no Facebook, nem no Hi5, nem no Twitter, embora esteja registado em redes sociais mais específicas e sempre por convites de amigos. Mas não sei se vou resistir- raro o dia em que não receba convites para integrar esta ou aquela rede, ou visitar perfis de amigos que estão nessas redes. E já começo a recear que o meu silêncio melindre alguém, até porque não se trata de uma questão interpessoal, antes "sistémica".
Eis um dilema no "admirável mundo novo" da internet- a tensão entre a exposição e a privacidade.
Coisas do Direito - 9 : A prescrição
" (...) A prescrição, para o cidadão comum, é o ardil dos culpados."
- José Manuel Fernandes, O país onde o crime compensa e a Justiça ajuda, no PÚBLICO de hoje.
O velho instituto da prescrição, mais propriamente a dos crimes, está na ordem do dia. Ouve-se hoje a torto e a direito - "Vais ver que vai prescrever tudo", "Estão a fazer tudo para prescrever" etc etc.
E a verdade é que há prazos de prescrição de crimes ( especialmente os económicos e financeiros) que parecem ter sido realmente estatuídos a "benefício do infractor". Não é difícil, mesmo para um cidadão comum, perceber que actuações criminosas que envolvam bancos, paraísos fiscais, outros países e sofisticados esquemas de engenharia financeira, são de longa e árdua investigação. Consequentemente, quando tais processos chegam à esfera judicial, depois de anos de investigação policial, muitas vezes trata-se realmente de uma corrida contra o tempo- ou seja, contra a prescrição.
Ora, são pois incompreensíveis alguns dos prazos prescricionais previstos na legislação penal.
Mas a verdade é que ninguém tem a coragem política de promover a sua alteração. Assim, o odioso da prescrição fica quase sempre a cargo do sistema judicial, mesmo quando os casos chegam a tribunal na "23ª hora".
A prescrição dos crimes, que deveria ser a excepção em qualquer sistema, está a tornar-se entre nós pouco a pouco na verdadeira regra.
- José Manuel Fernandes, O país onde o crime compensa e a Justiça ajuda, no PÚBLICO de hoje.
O velho instituto da prescrição, mais propriamente a dos crimes, está na ordem do dia. Ouve-se hoje a torto e a direito - "Vais ver que vai prescrever tudo", "Estão a fazer tudo para prescrever" etc etc.
E a verdade é que há prazos de prescrição de crimes ( especialmente os económicos e financeiros) que parecem ter sido realmente estatuídos a "benefício do infractor". Não é difícil, mesmo para um cidadão comum, perceber que actuações criminosas que envolvam bancos, paraísos fiscais, outros países e sofisticados esquemas de engenharia financeira, são de longa e árdua investigação. Consequentemente, quando tais processos chegam à esfera judicial, depois de anos de investigação policial, muitas vezes trata-se realmente de uma corrida contra o tempo- ou seja, contra a prescrição.
Ora, são pois incompreensíveis alguns dos prazos prescricionais previstos na legislação penal.
Mas a verdade é que ninguém tem a coragem política de promover a sua alteração. Assim, o odioso da prescrição fica quase sempre a cargo do sistema judicial, mesmo quando os casos chegam a tribunal na "23ª hora".
A prescrição dos crimes, que deveria ser a excepção em qualquer sistema, está a tornar-se entre nós pouco a pouco na verdadeira regra.
Arquitectura: semelhanças..., Oscar Niemeyer!
Hoje, andei à procura de informação e no meio da pesquisa encontrei o Museu de Arte Contemporânea em Niterói e não resisti em colocar aqui por causa de alguma semelhança com a Casa Malin de Lautner.
Museu de Arte Contemporânea em Niterói do arquitecto brasileiro Oscar Niemeyer.
Fotografia tirada em 1997,
Edificado em 1996, destaca-se na paisagem pelo arrojo de seus traços contemporâneos, que o fazem assemelhar-se a um cálice ou a disco voador. Foram necessários cinco anos para erguer a estrutura de quatro pavimentos, inscrita numa praça de 2.500 m².
"Não é o ângulo recto que me atrai, nem a linha recta, dura, inflexível, criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual, a curva que encontro nas montanhas do meu país, no curso sinuoso dos seus rios, nas ondas do mar, no corpo da mulher preferida. De curvas é feito todo o universo, o universo curvo de Einstein".
Oscar Niemeyer (http://pt.wikipedia.org/wiki/Oscar_Niemeyer)
A CHEGADA DOS DIAS GRANDES
Da luva lentamente aliviada
a minha mão procura a primavera
Nas pétalas não poisa já geada
E o dia é já maior do que ontem era
Não temo mesmo aquilo que temera
se antes viesse: chuva ou trovoada
É este o deus que o meu peito venera
Sinto-me ser eu que não era nada
A primavera é o meu país
saio à rua sento-me no chão
e abro os braços e deito raiz
e dá flores até a minha mão
Sei que foi isto que nem sequer quis
e reconheço a minha condição
Rui Belo
In: Obra poética. Lisboa: Presença, 1984, vol. 1, p. 172
a minha mão procura a primavera
Nas pétalas não poisa já geada
E o dia é já maior do que ontem era
Não temo mesmo aquilo que temera
se antes viesse: chuva ou trovoada
É este o deus que o meu peito venera
Sinto-me ser eu que não era nada
A primavera é o meu país
saio à rua sento-me no chão
e abro os braços e deito raiz
e dá flores até a minha mão
Sei que foi isto que nem sequer quis
e reconheço a minha condição
Rui Belo
In: Obra poética. Lisboa: Presença, 1984, vol. 1, p. 172
Arquitectos V - John Lautner.
Lembram-se dos Jetsons, uma série de desenhos animados?
A minha quinta escolha vai para uma casa que me faz lembrar a casa dos Jetsons, série produzida pela Hanna-Barbera de 1962 a 1963.
A minha quinta escolha vai para uma casa que me faz lembrar a casa dos Jetsons, série produzida pela Hanna-Barbera de 1962 a 1963.
Casa Malin, “Chemosphere”, 1960.(*Imagem digitalizada da capa do livro)
A Casa Malin, em Hollywood, Califórnia de planta octogonal é suportada por uma coluna central única. Foi a solução encontrada por Lautner para resolver um problema colocado por um orçamento reduzido num local escarpado. O arquitecto conseguiu vencer a impossibilidade de construir dos terrenos e deixar a paisagem praticamente intacta. O acesso à casa é feito por um funicular a partir do abrigo para recolha de viaturas, situado em baixo, e por um passadiço a partir do flanco da colina que a super-estrutura toca ao de leve.
Casa Malin à sombra
Os primeiros projectos de Lautner conservam alguns traços da influência de Frank Lloyd Wright, com quem fez a sua aprendizagem em Taliesin East School. Mas com o decorrer do tempo, a sua obra evoluiu para uma concepção original e pessoal.
John era filho de uma pintora e de um professor, nasceu em 1911, junto do Lago Superior, no norte do estado de Michigan, o contacto com a natureza influenciou a sua obra.
John era filho de uma pintora e de um professor, nasceu em 1911, junto do Lago Superior, no norte do estado de Michigan, o contacto com a natureza influenciou a sua obra.
O terraço à volta da casa (*imagem digitalizada)
Lautner guardava religiosamente qualquer objecto que lhe interessasse como: uma concha, ou uma imagem de uma deusa egípcia ou um texto sobre a essência da beleza, podemos encontrá-los no seu escritório.
*Barbara-Ann Campbell-Lange - Lautner, Alemanha: Taschen, 2006, p. 45-49
quinta-feira, 2 de abril de 2009
Outros tempos - A apanha do spaghetti
Embora não tão espectacular como na vizinha Itália, a colheita de spaghetti na Suiça foi durante décadas uma actividade colectiva, em que se empenhava toda a família
Dia Internacional do Livro Infantil - 2
Luísa Ducla Soares – Os ovos misteriosos / il. Manuela Bacelar.
12.ª ed. Porto: Afrontamento, 2008
Foi um dos livros que comprei hoje para oferecer. Termina assim:
Somos todos irmãos,
somos todos diferentes:
há uns que têm bico,
outros que têm dentes,
há uns que têm escamas,
outros que têm asas,
Somos todos irmãos,
somos todos diferentes:
há uns que têm bico,
outros que têm dentes,
há uns que têm escamas,
outros que têm asas,
na terra e na água
fazemos nossas casas.
Eu só tenho pescoço.
Eu voo pelo ar.
Eu nado a quatro patas.
Eu cá gosto de andar.
Somos todos diferentes,
mas todos queremos bem
à boa galinha
que é a nossa mãe.
fazemos nossas casas.
Eu só tenho pescoço.
Eu voo pelo ar.
Eu nado a quatro patas.
Eu cá gosto de andar.
Somos todos diferentes,
mas todos queremos bem
à boa galinha
que é a nossa mãe.
Dia Internacional do Livro Infantil - 1
Hoje, Dia Internacional do Livro Infantil e depois de ter visto o post da Ana, lembrei-me dos livros que Leal da Câmara ilustrou para Ana de Castro Osório, de que ressaltam: A princesa muda, Casa de meu pai e Esperteza de um sacristão, baseados em contos tradicionais. Aqui fica uma amostra:
Ilustração de Leal da Câmara para A princesa muda,
de Ana de Castro Osório.
[…]
Ora um dia em que uma das aias estava toucando, encontrou-lhe [à princesa] um piolho.
Houve grande alvoroço no palácio pelo achado extraordinário e nunca visto, pois que jamais em cabeça de linda e esmerada senhora se encontrara uma coisa tão horrenda e inferior.
O rei, informado pela grande dama camareira mor do espantoso facto, imediatamente decretou que o imundo animal fosse metido numa saca de farinha para engordar.
[…]
Ana de Castro Osório
Ora um dia em que uma das aias estava toucando, encontrou-lhe [à princesa] um piolho.
Houve grande alvoroço no palácio pelo achado extraordinário e nunca visto, pois que jamais em cabeça de linda e esmerada senhora se encontrara uma coisa tão horrenda e inferior.
O rei, informado pela grande dama camareira mor do espantoso facto, imediatamente decretou que o imundo animal fosse metido numa saca de farinha para engordar.
[…]
Ana de Castro Osório
In: A princeza muda / il . Leal da Câmara. S.l.: Casa Ed. Para as Crianças, [1921]
O Papão, Guerra Junqueiro.
Acordei a pensar na Humanidade e na Fraternidade.
Um papão que não faz a barba há seis mil anos,
E que mora, segundo os bonzos tem escrito,
Lá em cima, detrás da porta do infinito!
O Papão
As crianças teem mêdo à noite, às horas mortas,Do papão que as espera, hediondo, atrás das portas,
Para as levar no bôlso ou num capuz dum frade.
Não te rias da infância, ó velha humanidade,
Que tu também tens mêdo ao bárbaro papão,
Que ruge pela bôca enorme do trovão,
Que abençôa os punhais sangrentos dos tiranos,
Um papão que não faz a barba há seis mil anos,
E que mora, segundo os bonzos teem escrito,
Lá em cima, detrás da porta do infinito!
*Guerra Junqueiro, A Velhice do Padre Eterno, Porto: Lêlo & Irmão, Lda, sd (1ª edição), p.43-44
O Homem e o Conhecimento, um pensamento de Edgar Morin.
Edgar Morin
O Homem e o conhecimentoO conhecimento do conhecimento ensina-nos que apenas conhecemos uma pequena película da realidade. A única realidade que é cognoscível é co-produzida pelo espírito humano, com a ajuda do imaginário. O real e o imaginário estão entretecidos e formam o complexo dos nossos seres e das nossas vidas. A realidade humana em si mesma é semi-imaginária. A realidade é apenas humana, e apenas parcialmente real.
Edgar Morin, in 'Os Meus Demónios'Li este pedaço de prosa e verifico quanto é tão verdadeira. Às vezes queremos só ouvir o que imaginamos e não o que é real. Talvez, por isso, seja do imaginário que se tecem os sonhos.
Sinais dos Tempos - 2
François-Henri Pinault, um dos homens mais ricos de França e da Europa, dono da Fnac e da Printemps e de muitas outras coisas, foi há dois dias retido dentro de um táxi, em Paris, por cerca de meia centena de trabalhadores de empresas suas que protestavam contra o planeado despedimento de 1200 trabalhadores do grupo. O "sequestro" durou cerca de uma hora, tendo Pinault sido libertado pela polícia.
Uma acção que lembra outros tempos, e certamente uma lição para o milionário que tão depressa não entrará num táxi...
Uma acção que lembra outros tempos, e certamente uma lição para o milionário que tão depressa não entrará num táxi...
Citações - 20 : Ainda a crise
" (...) O que se passa hoje é de outra magnitude. As vias circulatórias das finanças deixaram de funcionar. Vários dos seus órgãos estão em falência. O sistema financeiro anglo-saxónico, inveja do mundo, só funciona ligado à máquina do Estado. Os maiores bancos do mundo já não o são; foram substituídos por bancos chineses que ninguém no Ocidente conhece- o que o Ocidente pode ver, com espanto, é o Partido Comunista Chinês ganhar-lhe no seu próprio jogo do capitalismo. Há indústrias inteiras que definiram países- o automóvel nos EUA, para começar- que estão agora no estertor da morte. O valor essencial da casa para morar foi consumido numa orgia de construção e transacção a valores irreais e inverosímeis. E isto é só o começo. (...) "
- Rui Tavares, Uma nova simplicidade, no PÚBLICO de ontem.
- Rui Tavares, Uma nova simplicidade, no PÚBLICO de ontem.
Os intelectuais e a internet
" (...) Mas hoje há uma verdadeira cultura popular, que já não é urbana, é televisiva, e é inteiramente impermeável aos intelectuais.
O discurso optimista e democrático que insiste em achar que estamos sempre no melhor dos mundos possíveis argumenta com os nichos: que haveria nichos para todos os segmentos, incluindo todos os tipos de intelectuais: canais de televisão que produzem excelentes séries, cada vez mais magníficas produções em música, teatro, cinema, etc.
Tudo isso é verdade. Mas o ponto é que os intelectuais perderam o poder: não são eles que medeiam a cultura nos espaços colectivos, em especial na televisão. Agora, ocupam um nicho: são seus alguns lugares da cidade, certas ruas, certas salas de espectáculo. Para lá chegarem, têm que atravessar ruas e praças que detestam. São seus certos programas de televisão, a certas horas. Para os verem têm que fazer zapping. São suas certas estantes de certas livrarias. Para verem o que lá está, têm que passar pelas outras estantes com intenso espanto perante as porcarias que o «povo» lê. Ao viajarem, restam-lhes cada vez menos paisagens intocadas por horrendas casas, estúpidos anúncios, hordas de turistas que todos os dias os fazem pensar que o mundo está cada vez mais feio.
Como não têm dinheiro para fugir para longe ou construírem um mundo à parte, remetem-se aos seus nichos como se os tivessem escolhido. Mas não se trata de escolha. Trata-se de exílio.
Todavia, há um território onde os intelectuais podem entreter a ilusão da sua importância: a Internet. A ilusão é aqui possível porque na Internet não há espaço público, não há ruas, não há praças, não há sobretudo televisão, ou seja, na Internet os intelectuais não são obrigados a conviver com o «povo»- podem, como toda a gente, saltar de sítio em sítio nesse território atomizado e sonhar que estão na academia, numa enciclopédia, numa galeria de arte. Refugiados em casa, vêem suspensa, no brilho tremeluzente do ecrã do computador, a sua condição de exilados. "
- Paulo Varela Gomes, Exílio, no PÚBLICO de ontem.
Como não concordar com Paulo Varela Gomes? Todos já sentimos este "exílio", ou não?
O discurso optimista e democrático que insiste em achar que estamos sempre no melhor dos mundos possíveis argumenta com os nichos: que haveria nichos para todos os segmentos, incluindo todos os tipos de intelectuais: canais de televisão que produzem excelentes séries, cada vez mais magníficas produções em música, teatro, cinema, etc.
Tudo isso é verdade. Mas o ponto é que os intelectuais perderam o poder: não são eles que medeiam a cultura nos espaços colectivos, em especial na televisão. Agora, ocupam um nicho: são seus alguns lugares da cidade, certas ruas, certas salas de espectáculo. Para lá chegarem, têm que atravessar ruas e praças que detestam. São seus certos programas de televisão, a certas horas. Para os verem têm que fazer zapping. São suas certas estantes de certas livrarias. Para verem o que lá está, têm que passar pelas outras estantes com intenso espanto perante as porcarias que o «povo» lê. Ao viajarem, restam-lhes cada vez menos paisagens intocadas por horrendas casas, estúpidos anúncios, hordas de turistas que todos os dias os fazem pensar que o mundo está cada vez mais feio.
Como não têm dinheiro para fugir para longe ou construírem um mundo à parte, remetem-se aos seus nichos como se os tivessem escolhido. Mas não se trata de escolha. Trata-se de exílio.
Todavia, há um território onde os intelectuais podem entreter a ilusão da sua importância: a Internet. A ilusão é aqui possível porque na Internet não há espaço público, não há ruas, não há praças, não há sobretudo televisão, ou seja, na Internet os intelectuais não são obrigados a conviver com o «povo»- podem, como toda a gente, saltar de sítio em sítio nesse território atomizado e sonhar que estão na academia, numa enciclopédia, numa galeria de arte. Refugiados em casa, vêem suspensa, no brilho tremeluzente do ecrã do computador, a sua condição de exilados. "
- Paulo Varela Gomes, Exílio, no PÚBLICO de ontem.
Como não concordar com Paulo Varela Gomes? Todos já sentimos este "exílio", ou não?
O cozinheiro dos poderosos
Foi Jamie Oliver o cozinheiro britânico escolhido para saciar a fome dos líderes do G20. E apesar dos secretismos, lá se soube alguma coisa sobre as escolhas de Jamie : espargos ingleses ( tendo o próprio Jamie andado pela Cornualha e pelas Ilhas Scilly a escolhê-los ) como entrada, e borrego do País de Gales ( servido com pão e temperado com alho selvagem ) como prato principal para o primeiro jantar servido aos líderes deste mundo.
Sinais dos Tempos - 1
Dez anos depois de ter aberto a primeira e única loja em Portugal, em plena Rua Garrett, a grande marca francesa de joalharia vai sair de Portugal nos próximos meses, à semelhança do que irá acontecer noutros países. Decisão que se prende naturalmente com a quebra de procura de artigos de luxo desde 2008.
PRONOMINAIS
Tarsila do Amaral - Retrato de Oswald de Andrade, 1926
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa isso camarada
Me dá um cigarro.
Oswald de Andrade
In: Poesias reunidas. S. Paulo: Gaveta,1945, p. 79
"Perle della Saggezza", dos Carmelitas Descalços!
MR colocou há uns dias um post com a belíssima escultura de Bernini o "Extâse de Santa Teresa". Lembrei-me que ao visitar a Igreja de Santa Maria da Vitória, em Roma, adquiri aos frades Carmelitas Descalços um remédio para a sabedoria:
Pérolas da Sabedoria
Já tomei o frasco todo mas ainda não alcancei a sabedoria. Hoje, guardo o frasco como relíquia.
Os Pássaros/Aves e a Arte.2
Museu Nacional de Arqueologia de Atenas,
Jarro com um pássaro, período arcaico 750 a.C. (?)
Fresco de Pompeia, século I d.C., Parte superior do templo de Ísis, Pompeia;
75x67 cm Este fresco apresenta dois pavões empoleirados
quarta-feira, 1 de abril de 2009
Museu do Titanic
Depois do filme vem aí o Museu do Titanic. O projecto vai nascer em Southampton, a cidade inglesa de onde era proveniente a maioria dos passageiros vítimas do mais famoso naufágio na história da Humanidade ocorrido na madrugada de 15 de Abril de 1912. Num investimento da ordem dos 30 milhões de euros, o futuro museu contará com a reconstituição de um camarote de 1ª classe destinado aos visitantes que queiram viver e sentir o que sentiram os passageiros enquanto aquele transatlântico se afundava. O Museu do Titanic vai ainda ter em exposição 4 mil objectos entretanto recuperados, bem como gravações de testemunhos de cerca de 70 sobreviventes do naufrágio.
Quando uma pen se torna uma jóia!
Enviaram-me esta pen com esta mensagem: "This is platinum USB drive hand set with 350 white diamonds. It even comes with a solidplatinum chain and you can have it for $38,000".
Uma pen que é uma jóia!
A primeira vítima do caso Freeport
Diz-me fonte segura de Belém que o Procurador-Geral da República sairá de cena ainda antes de qualquer decisão no caso Freeport. Parece ser certo que Cavaco Silva perdeu a confiança em Pinto Monteiro na sequência das recentes declarações dos responsáveis do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, entendendo o Presidente que Pinto Monteiro quer efectivamente salvar a face de José Sócrates à custa do normal desenrolar das investigações.
Se efectivamente Pinto Monteiro for convidado a demitir-se, abre-se mais uma frente de guerra entre Belém e S.Bento e o sistema judicial fica de rastos.
Os homens também choram
- Robin Williams
- Michael Madsen
- Kris Kristofferson
- Hayden Christensen
- Michael Madsen
- Kris Kristofferson
- Hayden Christensen
- Forest Whitaker
- Ed Harris
- Dustin Hoffman
- Daniel Craig
- Willem Dafoe
- Benicio del Toro
- Laurence Fishburne
- Ed Harris
- Dustin Hoffman
- Daniel Craig
- Willem Dafoe
- Benicio del Toro
- Laurence Fishburne
- Sean Penn
Sam Taylor-Wood é uma das mais conceituadas fotógrafas britânicas contemporâneas, e este Crying Men é um dos seus projectos mais conhecidos. Taylor-Wood pediu a várias dezenas de actores consagrados, muitos dos quais que nos habituámos a ver como "duros" ( Benicio del Toro, Michael Madsen, Laurence Fishburne ou mesmo Sean Penn ) , que chorassem. O resultado dessas sessões fotográficas foi depois publicado sob a forma de livro, onde vemos na capa o retrato fotográfico de Hayden Christensen quase angelical. Evidentemente, sessões fotográficas sem qualquer guião, tendo os retratados apenas recorrido ao seu arsenal de emoções e expressões.
Sam Taylor-Wood é uma das mais conceituadas fotógrafas britânicas contemporâneas, e este Crying Men é um dos seus projectos mais conhecidos. Taylor-Wood pediu a várias dezenas de actores consagrados, muitos dos quais que nos habituámos a ver como "duros" ( Benicio del Toro, Michael Madsen, Laurence Fishburne ou mesmo Sean Penn ) , que chorassem. O resultado dessas sessões fotográficas foi depois publicado sob a forma de livro, onde vemos na capa o retrato fotográfico de Hayden Christensen quase angelical. Evidentemente, sessões fotográficas sem qualquer guião, tendo os retratados apenas recorrido ao seu arsenal de emoções e expressões.
O livro já tem uns anitos, mas ainda não o vi em terras lusitanas. Alguém já o viu? De qualquer modo, está disponível desde logo na Amazon.
- CRYING MEN, Sam Taylor-Wood, Steidl.