sábado, 6 de junho de 2009
China (século XII)
Este é um famoso quadro chinês, tesouro cultural do país e património do Museu de Xangai (Shanghai), que leva multidões a apreciá-lo demoradamente. Pintado entre 1085 e 1145 (repintado durante a dinastia Qing), mede cerca de 24.5 por 5,28 m.
Apreciem-no, deslocando o cursor: Ao longo do Rio durante o Ching-mig Festival (século XII). Quando aparecerem quadrados brancos, cliquem neles (ou carreguem nos quadradinhos que se encontram por baixo).
Atenção demora um pouco a carregar, mas o resultado é surpreendente!
Cristina Branco : O meu amor
Do disco: Sensus (Universal, 2003)
O meu amor
Tem um jeito manso que é só seu
E que me deixa louca
Quando me beija a boca
A minha pele inteira fica arrepiada
E me beija com calma e fundo
Até minh'alma se sentir beijada, ai
O meu amor
Tem um jeito manso que é só seu
Que rouba os meus sentidos
Viola os meus ouvidos
Com tantos segredos lindos e indecentes
Depois brinca comigo
Ri do meu umbigo
E me crava os dentes, ai
Eu sou sua menina, viu?
E ele é o meu rapaz
Meu corpo é testemunha
Do bem que ele me faz
O meu amor
Tem um jeito manso que é só seu
De me deixar maluca
Quando me roça a nuca
E quase me machuca com a barba malfeita
E de pousar as coxas entre as minhas coxas
Quando ele se deita, ai
O meu amor
Tem um jeito manso que é só seu
De me fazer rodeios
De me beijar os seios
Me beijar o ventre
E me deixar em brasa
Desfruta do meu corpo
Como se o meu corpo fosse a sua casa, ai
Eu sou sua menina, viu?
E ele é o meu rapaz
Meu corpo é testemunha
Do bem que ele me faz
Chico Buarque
Ilustradores - 3
Lisboa: Dom Quixote, 2005
Culto do Chá 1, Wenceslau de Moraes!
A Tentação do Ocidente 2. André Malraux!
Cúpula da Basílica de S. Pedro, Roma, Vaticano
Inês de Castro, Costa Pinheiro!
100 Pintores Portugueses do Século XX, [sl.sn.], 1992. Fundo documental da Biblioteca Municipal de Coimbra, p.168-169.
sexta-feira, 5 de junho de 2009
Mark Rothko ao almoço
frase da semana
Paolo Mantegazza
Olho por olho...
Julgo que foi Mahatma Gandhi quem o afirmou.
Na morte de Glória de Sant'Anna
Recebemos de Margarida Pereira-Müller , leitora do Prosimetron e amiga do nosso Filipe Vieira Nicolau, este testemunho sobre a morte da poetisa Glória de Sant'Anna :
Morreu Glória de Sant'Anna. Uma poetisa tão sensível que sente com as plantas. Como escrevi há anos num artigo publicado na LAÇOS: O portal da Internet sobre Glória de Sant'Anna começa com uma pergunta: "Já alguma vez arrancou uma planta útil da terra? Não o faça. Eu sei o que sente uma planta arrancada sem culpa do seu chão". (do Livro Amaranto).Que mulher é esta que sente com as plantas? Uma mulher sensível que já navegou "pelo interior de um longo rio humano / de tempos diversos onde também há sangue vegetal, / buscando o que acabei por encontrar - a imensa / angústia que se reparte. / Sobre isso escrevo."
Mas uma poetisa nunca morre, está sempre viva e presente. Fica para sempre connosco através da sua escrita.
Um abraço
Margarida
60 anos de uma nação: 1968
O congresso do partido dos democratas cristãos em Berlim ocidental é palco de um incidente inédito: o chanceler Kiesinger é alvo de uma bofetada em público, dada pela estudante Beate Klarsfeld. A jovem de 29 anos e uma parte significativa da nova geração repudiam altos políticos e funcionários com um passado nazi. O escritor Heinrich Böll oferece um ramo de rosas a Klarsfeld em sinal de solidariedade. Seu colega, Günter Grass, critica o acto afirmando que “tanto não seria necessário”. Kiesinger, membro da NSDAP, exerceu um alto cargo no Ministério dos Negócios Estrangeiros durante os anos quarenta. Explica o seu envolvimento durante o regime de Hitler e sobrevive a esta crise por alguns meses: viria a ser derrotado nas eleições legislativas do ano seguinte.
- CONTINUAÇÃO NA PRÓXIMA SEGUNDA-FEIRA -
Imagens: Maio de 68; Rudi Dutschke; Daniel-Cohn Bendit (um dos líderes de 68, hoje em dia deputado do Parlamento Europeu); Klarsfeld vs Kiesinger
DELENDA GLÓRIA
da canga a que forcei o pensamento
de novo imersa nesta pura água
em que me identifico e apresento
limpa dos sulcos de súbitas grades
a que me expus de rosto claro e isento
– medida consciente para a mágoa
que é do tempo sem horas o sustento
de novo as mãos abertas e sem nada
estendidas à ternura do momento
a cada dia pronto que me alaga
de novo tão adulta como o vento
completa dentro desta pura água
por onde me procuram e me ausento
Glória de Sant'Anna
In: Amaranto. Lisboa: Imp. Nac.-Casa da Moeda, 1988, p. 289
Um músico que admiro: David Bowie!
"A minha pátria é a língua portuguesa", Fernando Pessoa
quinta-feira, 4 de junho de 2009
Manoel de Oliveira!
Arménio Vieira
Lisboa: Caminho, 2001
Lisboa: Vega, 2004
Estes são os únicos livros de Arménio Vieira, escritor cabo-verdiano, galardoado com o Prémio Camões, disponíveis no mercado português. Espero que o prémio lhe divulgue a obra.
QUIPROQUÓ
Há uma torneira sempre a dar horas
há um relógio a pingar no lavabos
há um candelabro que morde na isca
há um descalabro de peixe no tecto.
Há um boticário pronto para a guerra
há um soldado vendendo remédios
há um veneno (tão mau) que não mata
há um antídoto para o suicídio de um poeta.
Senhor, Senhor, que digo eu (?)
que ando vestido pelo avesso
e furto chapéu e roubo sapatos
e sigo descalço e vou descoberto.
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1384638
CORPO
que te seja leve o peso das estrelas
e de tua boca irrompa a inocência nua
dum lírio cujo caule se estende e
ramifica para lá dos alicerces da casa
abre a janela debruça-te
deixa que o mar inunde os órgãos do corpo
espalha lume na ponta dos dedos e toca
ao de leve aquilo que deve ser preservado
mas olho para as mãos e leio
o que o vento norte escreveu sobre as dunas
levanto-me do fundo de ti humilde lama
e num soluço da respiração sei que estou vivo
sou o centro sísmico do mundo
Al Berto
Glória de Sant'Anna
Glória de Sant'Anna, retratada por seu filho, Rui Paes.
Glória de Sant’Anna, poetisa moçambicana, faleceu no dia 2 de Junho em Gaia.
«A obra de Glória de Santa’Anna, na sua concentração e densidade, na sua liquidez secreta e cheia de pudor, na sua misteriosa claridade, na sua “mortal” e dominada angústia» (Eugénio Lisboa), consiste em vários livros de poesia e um de crónicas, para além de colaboração diversa em jornais e revistas.
GRAVURA
Aqui estou inteira:
De memória ausente,
Sem fisionomia
- como uma medalha.
Aqui estou inteira
para ser guardada
no fundo do tempo
onde não há nada.
RECADO
Se eu morrer longe
sepulta-me no mar
dentro das algas ignorantes
e lúcidas.
Cobre o meu rosto de palavras
antigas
e de música.
Deixa em meus dedos
a memória mais recente
de outras coisas inúmeras
e nos meus cabelos
o incerto movimento
do vento e da chuva.
Eu vogarei sob as estrelas
com pálidas luzes entre os cílios
e pequenos caramujos
entrarão nos meus ouvidos.
Estarei assim idêntica
a todos os motivos.
In: Amaranto. Lisboa: Imp. Nac.-Casa da Moeda, 1988, p. 51, 57
60 anos de uma nação: 1967
O que estou a ler - 4
" (...) Neste sentido a identidade é uma patologia de que o eu é o vírus despótico. Eu uno, unificador e omnipresente. Em tudo, na acção, na fala, nas relações sociais, na vida profissional, no espaço público, nós somos «fulanos de tal», somos pessoais e auto-reflexivos ( ao contrário da criança ou do artista ou artesão, perdidos no objecto e no jogo ) . Somos portugueses antes de sermos homens - eis a doença da hiperidentidade que nos corrói. 2. A nossa falta de confiança, a inércia, a autocomplacência, o queixume e a inveja são pragas nacionais que nos envenenam. Todas decorrem naturalmente do tipo de subjectividade produzida pela doença da identidade. Esta fecha-nos em nós mesmos, impedindo-nos de criar um «fora», ar e vento livres, respiração para viver. " ( p. 10 )
- EM BUSCA DA IDENTIDADE - o desnorte, José Gil , Relógio D' Água Editores.
Blogues - 6 : Lisboa Antiga
O Lisboa Antiga é o blogue do José Quintela Soares, que ama e se preocupa com a nossa capital. Passeia muito por ela, e faz o registo fotográfico do que lhe vai chamando a atenção, não só o pitoresco, mas também os problemas já crónicos da cidade: a degradação do edificado, a falta de higiene e a falta de segurança. Vale a pena espreitar em http://www.lisboantiga.blogspot.com
A " Casa do Crime "
Novidades - 51 : Curlândia
- Courlande, Jean-Paul Kauffmann, Fayard, 287 p. , Abril de 2009 , 19,50€.
Desassossego 2!
Bernardo Soares, Livro do Desassossego, Lisboa: Assírio & Alvim, 1998, p. 272-273
Os Pecados de Todos em Múltiplo!
"a preguiça reconheço agora
é a amante mais bela da minha solidão
a preguiça são os olhos vazios em terras extensas
a preguiça floresce nas esplanadas
com aqueles cinzeiros com poemas
que roubam aos lábios a incerteza
a preguiça é abril no inverno
a preguiça lembra um torpor prolongado e lindo
a preguiça hipnotiza como os gatos
a preguiça é esplendorosa como as árvores"
Luís Silva nasceu em Lisboa em 1960 e morreu vítima de doença prolongada a 15 de Dezembro de 2007. Cursou Filosofia nos anos 80 e interessava-se pela literatura em geral. Os seus autores favoritos eram Herberto Helder e Al Berto. Deixou alguns livros de poesia que a pouco e pouco se irão gradualmente publicando, a título póstumo.
Filipe Balestra, Um jovem arquitecto!
Filipe Balastro nasceu e viveu no Rio de Janeiro até aos quatro anos de idade.
Procurou no Google duas ou três organizações não governamentais que trabalhassem em favelas e encontrou o Instituto Dois Irmãos. Este instituto acolheu bem a ideia do jovem. Partiu para o Brasil e estava preparado para desenhar quando compreendeu que ninguém tinha interesse pelos seus desenhos. A comunicação em papel não era importante naquele local mas sim a comunicação oral. Apresentou o trabalho final em vídeo com algum receio da comunidade científica Sueca. Juntou a este suporte maquetas, embora, o trabalho fosse essencialmente o filme de trinta minutos. No filme está retratado o modo de vida e a melhor forma de adaptar a construção da escola num ambiente tão específico como o de uma favela. É notável o empenho, o espírito de inovação e a aventura deste jovem que pegou na mala e partiu para um meio tão adverso. O novo projecto que agarrou foi a reconstrução profunda de um bairro da lata em Pune, a 200 Km de Bombaim.
Fotografia de Filipe BalestraIncremental Housing Strategy in India by Filipe Balestra & Sara Göransson
quarta-feira, 3 de junho de 2009
Porque MR me fez recordar...
...E porque sou apaixonada por Fernando Pessoa...
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Dormia tudo como se o universo fosse um erro; e o vento, flutuando incerto, era uma bandeira sem forma desfraldada sobre um quartel sem ser.
Bernardo Soares, Livro do Desassossego, Lisboa: Assírio & Alvim, 1998, p. 68.