Marc Chagall (1887–1985)A Janela sobre a Bréhat, 1924
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A VISTA
A quem é dado, pela janela entreaberta,
ver mais de metade da vida, e em voz alta por puro gosto
repetir o poema pensado,
já os deuses escolheram.
Mas se as folhas agitadas pelo vento ocultam,
por vezes,
o outro lado do muro, não é porque algo nos impede de olhar;
mas porque o olhar,
sob o impulso do vento,
segue as correntes contraditórias até algures,
na atmosfera,
onde imobilizado perscruta e espera.
ver mais de metade da vida, e em voz alta por puro gosto
repetir o poema pensado,
já os deuses escolheram.
Mas se as folhas agitadas pelo vento ocultam,
por vezes,
o outro lado do muro, não é porque algo nos impede de olhar;
mas porque o olhar,
sob o impulso do vento,
segue as correntes contraditórias até algures,
na atmosfera,
onde imobilizado perscruta e espera.
Nuno Júdice, Obra Poética (1972-1985), Lisboa: Quetzal Editores, 1999, p. 87
O quadro está em Zurique, na Kunsthaus.
ResponderEliminarAno novo, vida nova! Pelo menos no que diz respeito às legendas.
Obrigada.
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