Frank Xavier Leyendecker (1876 - 1924), Arlecchino and Columbina, New York
JOSÉ RÉGIO
Três máscaras (1940)
Um bando de mascarados cruza a cena
PIERROT (ergue-se de salto, faz piruetas, ensaia passos de bailado, volta para junto de Columbina) – Já só me interesso por ti, Columbina! Esta noite é o mais claro dia da minha vida. Se tu soubesses como me sinto leve... livre... poderoso... Tenho asas, barbatanas, músculos de aço, plumas... Queres que faça um milagre?
COLUMBINA – Quero! Transforma-te num homem interessante: Estrangula-me por amor, depois ressuscita-me.
PIERROT – Consentes que os meus dedos toquem no teu pescoço?
COLUMBINA – O meu pescoço frágil, delicado como um caule de flor..., não é? O meu colo de graça... o meu colo de cisne... Os poetas líricos são pouco inventivos.
PIERROT – Não, Columbina: o teu pescoço mesmo; a tua carne.
COLUMBINA - ...De leite e rosas, suponho.
PIERROT – Não! A tua carne, a tua alma feita sangue...
COLUMBINA – Ligeiramente mais interessante.
(...)
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"O teatro de José Régio [...] funde três linhas nele destacáveis [...]: o alegorismo poético do post-simbolismo [...], o realismo-naturalismo […] e o experimentalismo das formas expressionistas [...]. Com efeito, se Jacob e o Anjo continua a linha de António Patrício, Três Máscaras prolonga o diálogo de Pierrot e Arlequim de Almada Negreiros, como Benilde reflecte o expressionismo e a superação do realismo efectuada por Alfredo Cortez e por Raul Brandão".
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Jorge de Sena, «Algumas notas sobre o teatro de José Régio».
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O Pierot está escondido atrás da cortina...:)
ResponderEliminarTão bonito! Gostei de tudo. Columbina e Arlequim e a poesia e o sonho que nos trazem...
ResponderEliminarBom carnaval...