No dia dos Namorados um quadro que foca os dois amores: o sagrado e o profano.
Erwin Panofsky divide a paisagem deste quadro de Ticiano em duas partes: "uma paisagem sombria com uma cidade fortificada e duas lebres ou coelhos (símbolos do amor e da fertilidade), e outra, mais rústica e menos luxuosa, mas mais luminosa, com um rebanho de ovelhas e uma igreja campestre."
xTizian Vecellio De Gregorio, O Amor Sagrado e o Amor Profano, 1514-1515
Óleo sobre tela, 118 x 279 cm, Galleria Borghese, Roma
Pormenor do quadro , Cúpido mais perto da figura terrena agita a água da fonte, amor neoplatónico
Amor profano, a paisagem é mais sombria e mostra uma cidade fortificada.
Segura na mão um vaso cheio de ouro e pedras preciosas
Amor sagrado, a paisagem é mais luminosa e mostra um campanário de uma igreja.
Segura na mão um vaso cheio de fogo, a chama que simboliza o amor a Deus.
Se olharmos para o quadro sem nos imbuírmos no espírito da época parece contraditório. A graça do quadro reside neste paradoxo. Estamos perante o humanismo renascentista, por isso, o amor sagrado é representado pela figura nua e a vestida pelo amor profano. Ticiano pintou de uma forma bela os dois tipos de amor.
Segundo Erwin Panofsky estas duas mulheres representam as "Vénus Gémeas" (ideia do filósofo renascentista Marcilio Ficino, 1433 - 1499) :
"A figura nua é a "Venere Celeste" que simboliza o princípio da beleza universal e eterna mas puramente inteligível. A outra é a "Venere Vogare", que simboliza a "força geradora" que cria as imagens transitórias, embora visíveis e tangíveis, da beleza terrena: os seres humanos e os animais, as flores e as árvores, o ouro e as pedras preciosas e as obras criadas pela arte ou a perícia.
O facto de Cupido estar colocado entre as duas Vénus, embora um pouco mais perto da terrestre ou natural e de agitar a água da fonte pode exprimir a crença neoplatónica de que o amor, um princípio de mistura cósmica, actua como intermediário entre o céu e a terra."
Erwin Paonofsky, Estudos de Iconologia, temas humanísticos na arte do renascimento, Lisboa: Editorial Estampa, 1995 (2ª edição), p. 130-131.
O poço simboliza um túmulo.
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