Para MR: O abandono completo de leitura obrigatória, no ensino secundário, dos chamados clássicos da literatura afectou, há muito, Alexandre Herculano. (Entendeu-se que, tal como A. Ribeiro, era de "difícil leitura") Seguiu-se Camilo Castelo Branco. Depois os Sermões de António Vieira aos "pedaços" - para facilitar a leitura - completamente incompreensíveis, mas integrado em modernices pretensamente elaboradas de estudo de "texto argumentativo" ... (Espera-se, depois, que o menino elabore um texto argumentativo à maneira de Vieira !!!) Não pretendo maçar mais com tristezas. O facto é que as Humanidades em geral, e a Literatura em particular, passou a viver "na outra margem de um rio". Para bom entendor, meia palavra basta. Neste caso, e infelizmente, não é esta "a história das perdizes", mas apenas a "ponta do icebergue" de uma ignorância literária duradoura.
HMJ, Gostei de ler o seu comentário e, tristemente, concordo com ele. Não há a preocupação de uma "cultura", apenas existe uma preocupação numérica.
Quanto a Aquilino Ribeiro tive que o ler na escola, li "Cinco Reis de Gente" e confesso-lhe que a sua "leitura é difícil" porque é muito localizada, específica e ruralizada. Li-o e julgo devia ser de leitura obrigatória para se conhecerem as correntes literárias e a sociedade portuguesa de então. Nunca achei por bem que se tirassem obras de índole clássica, como os Lusíadas, ou outras, neste caso mais contemporâneas. Sou contra a gestão actual do programa literário nas escolas, até porque a escola devia ser o último reduto para uma verdadeira igualdade entre as pessoas no que respeita à cultura. Não gostar da linguagem não significa ignorância. Vivo numa cidade da cultura mas é periférica em determinados pontos que não interessa aqui apontar. Há problemas de fundo para se resolver na educação e cultura do nosso país, que só se resolverão com grande investimento monetário e intelectual... mas não vejo a luz ao fundo do túnel. Tive prazer em ler o seu argumento. Só mais um apontamento: Sou contra currículos tendo em vista a regionalização. O país é uno e é nesse uno que está a identidade dele, as memórias, o sentido de ser, a "alma lusitana", sem com isto fechar as portas á Europa, à globalização e a todos os problemas actuais.
E com o facilitismo estamos a criar alfabetizados que não sabem interpretar um texto, que não conseguem entender o que lêem. E como (e o que) é que estes vão ensinar?
Para MR:
ResponderEliminarO abandono completo de leitura obrigatória, no ensino secundário, dos chamados clássicos da literatura afectou, há muito, Alexandre Herculano.
(Entendeu-se que, tal como A. Ribeiro, era de "difícil leitura")
Seguiu-se Camilo Castelo Branco. Depois os Sermões de António Vieira aos "pedaços" - para facilitar a leitura - completamente incompreensíveis, mas integrado em modernices pretensamente elaboradas de estudo de "texto argumentativo" ...
(Espera-se, depois, que o menino elabore um texto argumentativo à maneira de Vieira !!!)
Não pretendo maçar mais com tristezas.
O facto é que as Humanidades em geral, e a Literatura em particular, passou a viver "na outra margem de um rio".
Para bom entendor, meia palavra basta.
Neste caso, e infelizmente, não é esta "a história das perdizes", mas apenas a "ponta do icebergue" de uma ignorância literária duradoura.
HMJ,
ResponderEliminarGostei de ler o seu comentário e, tristemente, concordo com ele.
Não há a preocupação de uma "cultura", apenas existe uma preocupação numérica.
Quanto a Aquilino Ribeiro tive que o ler na escola, li "Cinco Reis de Gente" e confesso-lhe que a sua "leitura é difícil" porque é muito localizada, específica e ruralizada. Li-o e julgo devia ser de leitura obrigatória para se conhecerem as correntes literárias e a sociedade portuguesa de então.
Nunca achei por bem que se tirassem obras de índole clássica, como os Lusíadas, ou outras, neste caso mais contemporâneas. Sou contra a gestão actual do programa literário nas escolas, até porque a escola devia ser o último reduto para uma verdadeira igualdade entre as pessoas no que respeita à cultura.
Não gostar da linguagem não significa ignorância.
Vivo numa cidade da cultura mas é periférica em determinados pontos que não interessa aqui apontar.
Há problemas de fundo para se resolver na educação e cultura do nosso país, que só se resolverão com grande investimento monetário e intelectual... mas não vejo a luz ao fundo do túnel.
Tive prazer em ler o seu argumento.
Só mais um apontamento:
Sou contra currículos tendo em vista a regionalização. O país é uno e é nesse uno que está a identidade dele, as memórias, o sentido de ser, a "alma lusitana", sem com isto fechar as portas á Europa, à globalização e a todos os problemas actuais.
Cumprimentos cordiais.
Ana
E com o facilitismo estamos a criar alfabetizados que não sabem interpretar um texto, que não conseguem entender o que lêem.
ResponderEliminarE como (e o que) é que estes vão ensinar?
E de que falarão as pessoas?
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