O sol é grande: caem co'a calma as aves,
Do tempo em tal sazão, que sói ser fria.
Esta água que de alto cai acordar-me-ia,
Do sono não, mas de cuidados graves.
Ó cousas todas vãs, todas mudaves,
Qual é tal coração que em vós confia?
Passam os tempos, vai dia trás dia,
Incertos muito mais que ao vento as naves.
Eu vira já aqui sombras, vira flores,
Vi tantas águas, vi tanta verdura,
As aves todas cantavam de amores.
Tudo é seco e mudo; e, de mistura,
Também mudando-me eu fiz doutras cores.
E tudo o mais renova: isto é sem cura!
Sá de Miranda, In Poesias Escolhidas,(Introdução, seleção e crítica de José V. de Pina Martins) Lisboa: Editorial Verbo, 1969.
Para agradecer a APS.
Obrigado.
ResponderEliminarE acho que vale a pena ler o pequeno estudo interpretativo que, Álvaro Júlio da Costa Pimpão fez, sobre este "mágico" soneto.
Houve uma época em que lia muito os sonetos de Sá de Miranda.
ResponderEliminarNão me lembro de ter lido esse estudo de Costa Pimpão. Talvez o procure...
Para Miss Tolstoi:
ResponderEliminarEncontra-o nos "Escritos Diversos" (pg.145/203) da Acta Univ. Conimbr.,mas antes fora publicado na "Biblos",vol.XIV,1939.