Comecei a ler o livro Solidão de Irene Lisboa vencendo alguns preconceitos e estou a gostar desta autobiografia. Escolhi duas pequenas histórias. Voilà
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Paul Gauguin, The Cellist (Portrait of Upaupa Scheklud). 1894.
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Oil on canvas. Baltimore Museum of Art, Baltimore, MD, USA
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"Un homme si sample, de Henri Baillon, que li há uns anos, pareceu-me um livro superior. Não o posso esquecer.
Nele encontrei a dor do escritor, do homem, a sua observação de si, desencantada, pessimista, cáustica, amarga, e a dor do mundo. Estas dores correspondiam-se, nivelavam-se.
O ambiente não tinha desfiguração, embora nos parecesse poderosamente mentalizado, reduzido a um observador. De tal modo era limitado e objectivo! E ao mesmo tempo crítico e subjectivo!
A névoa da loucura, de sadismo, de miséria aceite, que corria todo o livro, tinha o poder de o tornar tão amável… Tão íntimo e tão piedoso… O autor sofria nele a seu modo e nós víamo-lo sofrer, rindo-se embora de nós, ridicularizando imperceptivelmente os curiosos de si.
Era impressionante a sua apreciação do grande artista. Aquele que via tudo en rouge et en or…"
Nele encontrei a dor do escritor, do homem, a sua observação de si, desencantada, pessimista, cáustica, amarga, e a dor do mundo. Estas dores correspondiam-se, nivelavam-se.
O ambiente não tinha desfiguração, embora nos parecesse poderosamente mentalizado, reduzido a um observador. De tal modo era limitado e objectivo! E ao mesmo tempo crítico e subjectivo!
A névoa da loucura, de sadismo, de miséria aceite, que corria todo o livro, tinha o poder de o tornar tão amável… Tão íntimo e tão piedoso… O autor sofria nele a seu modo e nós víamo-lo sofrer, rindo-se embora de nós, ridicularizando imperceptivelmente os curiosos de si.
Era impressionante a sua apreciação do grande artista. Aquele que via tudo en rouge et en or…"
Irene Lisboa, Solidão, notas no punho de uma mulher, Lisboa: Editorial Presença, Vol II, p. 105.
Vénus de Milo, Louvre, Paris, (Marbre de Paros, vers 130-100 av. J.-C. ? Provenance : Mélos (moderne Milo), 1820).
"Ontem estive no Museu. Começando pelos destroços das nobres estátuas gregas acabei nas pinturas modernas.A paz destas grandes salas... tão cheias e tão sossegadas! Os dorsos dos Gregos, os seus corpos e rostos mais ou menos mutilados, prendiam-me pela elegante serenidade. Atitudes belas, sóbris sem sinal de agitação...Mas quando depois de muito ver me ia aproximando das nervosas pinturas de hoje e do recente ontem sentia-me comover.Pintores de almas! Pintores de almas! Pátria verdadeira do meu espírito, sinais do meu tempo!"
Irene Lisboa, Solidão, notas no punho de uma mulher, Lisboa: Editorial Presença, Vol II, p.66.
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