«O Mediterrâneo aparece, no mundo europeu moderno, como a região mais rica de variedade e localismo, mas, ao mesmo tempo, como a mais originalmente unida, no clima, na natureza, nas produções, no trabalho dos homens. Para um Inglês, um Alemão, ou até um Francês do Norte, estes lugares revestem-se já de atractivos de exotismo que preludiam a África mourisca ou o Oriente. Mas os espíritos reflexivos compreendem que, por debaixo do arcaísmo pitoresco dos modos de existência, estão as raízes da própria civilização, que aqui se criou banhada pelo sol quente e sob o céu luminoso. O cunho da história marca-se em todas as formas da actividade humana; marca-se também na própria fisionomia dos lugares, moldada pelo homem, impregnada da sua presença secular.»
«Em Portugal quase não há cidade de planície; excepto Aveiro, num areal cortado de canais, todas as aglomerações desenvolvidas ao longo de uma praia ou da borda dos rios procuram, em lugar eminente ou escarpado, por modesto que seja, um refúgio ou um apoio. Aí está quase sempre o germe da urbe, que depois, crescendo, naturalmente encontrou nas terras baixas o espaço que lhe faltava e a ligação às vias de trânsito sem a qual as cidades não podem viver.»
Orlando Ribeiro (1911-1997)
Só agora me apercebi quanto a linguagem de Orlando Ribeiro,
ResponderEliminarno destaque que MR lhe deu, tem
de claridade poética. E porque
não,mediterrânica de luz...
Penso que é nesta obra que O.Ribeiro diz que "somos atlânticos por configuração, mas mediterrânicos por vocação" ou algo parecido.
ResponderEliminarEscrevia muito bem.
ResponderEliminarLB, mais ou menos, sim.