soneto destruído
talvez logo na berma de uma estrada
um par se beije transtornadamente
e o destino os separe de repente
entre as duas e as três da madrugada
talvez a lua fria os desinvente
e só lhes traga sombras e mais nada
e por saída só lhes dê a entrada
para o túnel da noite à sua frente
talvez então as faces se desolem
talvez depois em cinza solidão
a aurora ponha luto, talvez colem
as nuvens o seu dorso rente ao chão
talvez por não ousar ninguém mereça
o que viveu. talvez não amanheça.
Vasco Graça Moura
(Sombras com Aquiles e Pentesileia, Lisboa, Quetzal, 1999, p. 35-36)
(Sombras com Aquiles e Pentesileia, Lisboa, Quetzal, 1999, p. 35-36)
Não sou grande apreciadora de VGM, mas gostei deste poema.
ResponderEliminarE gostei da foto.
É um bom "fabbro", o VGM. E é um bom poema, este.
ResponderEliminarE, já agora, uma pequena história que estive para contar na E.P.Torga/Lacerda.
Alguém,muito próximo afectivamente de Torga, comunica-lhe que vai casar com alguém que fazia versos e de quem Torga não gostava particularmente. O autor de "Bichos" fica muito sério,cala-se uns segundos, e depois diz:
"Pois é, quem compra o campo também compra as pedras..."
Leio muitas vezes a poesia de Vasco Graça Moura. Gosto bastante dele.
ResponderEliminarEste soneto é tristemente lindo. A escultura também é boniota.
bonita
ResponderEliminarE Torga tinha razão.
ResponderEliminarCompletamente!...
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