segunda-feira, 10 de maio de 2010

FLOR NA AREIA

Que pensarão de mim quando eu for só
breve recordação enternecida,
quando de tudo o que foi sonho e vida
restar – quem sabe? – nem um grão de pó?

Quando alguma das netas for avó,
que dirá ela? Voando, na corrida,
as saudades virão a toda a brida,
como se, pela neve, algum trenó?

Quem lerá os meus livros? E estes versos?
e outros, há tanto, para aí dispersos,
que até perderam já perfume e cor?

Mas, se algum for relido, então decerto
será como se a areia do deserto
florisse a uma lágrima de amor…

Adolfo Simões Müller
In: Só netas: sonetos e outros versinhos do avô Adolfo. [Lisboa: A.S. Muller], 1980, p. 44

Para o Luís que visita o Arpose. E continuo à pesca do outro poema.
Mas isto como poesia…

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