sexta-feira, 21 de maio de 2010

Poemas - 4

SÃO SÉRGIO E SÃO BACO NO ALÉM



Nunca gostaram do meu nome: Baco.

E o sobrolho franziram ao meu Sérgio,

à nossa paixão, vida paralela.



A isso me refiro, não ao resto

da tão convencional lenda piedosa

que nos coube com auréola torta

em nossa cabeça enterrada à força



- pois puritanos gostam de fingir

por conformismo, por conveniência

que fomos iguais, pelo figurino,

a todos os santos de calendário.



A nossa paixão, vida paralela

-tais coisas originam embaraço

em raquíticas almas de cristãos.



José António Almeida
, O casamento sempre foi gay e nunca triste, &etc, 2009, p.45

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