Roma, 7 de Novembro [de 1786]
Noutros lugares temos de procurar os objectos mais significativos, aqui somos esmagados e afogados por eles. Qualquer que seja o ponto em que estamos, oferecem-se-nos perspectivas de toda a espécie, palácios e ruínas, jardins e parques, espaços abertos e apertados, casinhas, estábulos, arcos de triunfo e colunas, muitas vezes tudo tão junto que podia ser representado numa folha. Seria necessário escrever com mil lápis: para que nos serviria aqui uma pena? E depois chegamos à noite cansados e esfalfados de tanto ver e admirar.
Goethe
In: Viagem a Itália. Lisboa: Círculo de Leitores, 1992, p. 161
Ele não tinha a pretensão de conhecer Roma em três semanas! Eram precisos seis meses, um ano, dez anos! A primeira impressão era sempre desastrosa; e, para alguma coisa se saber, exigia-se uma demorada permanência.
Émile Zola
In: Roma. Lisboa: Guimarães, 1932-1933, vol. 1, p. 63
Há cidades que nos voltam as costas, sem chegarem sequer a olhar para nós. Há outras que nos sacodem a mão, cordialmente, num sóbrio shake-hand de boas-vindas, e que depois lá seguem para os seus afazeres, os seus divertimentos, os seus labirintos em que nunca haveremos de penetrar. Há também as que discutem connosco, mas que por isso mesmo se nos tornam indispensáveis. E as que nos provocam; as que nos irritam; as que se divertem à nossa custa. Há ainda as que sabem de cor os mais secretos dialectos do desejo - para nos deixarem enrodilhados, insatisfeitos e melancólicos, na madrugada de frios arrabaldes. Há todavia, pelo contrário, as que nos vestem de música e de luz; que nos fazem lembrar, a cada passo, as irmãs mais velhas que não tivemos; que nos escutam com atenção – quando ficamos em silêncio – nas esplanadas do crepúsculo.
David Mourão-Ferreira
Noutros lugares temos de procurar os objectos mais significativos, aqui somos esmagados e afogados por eles. Qualquer que seja o ponto em que estamos, oferecem-se-nos perspectivas de toda a espécie, palácios e ruínas, jardins e parques, espaços abertos e apertados, casinhas, estábulos, arcos de triunfo e colunas, muitas vezes tudo tão junto que podia ser representado numa folha. Seria necessário escrever com mil lápis: para que nos serviria aqui uma pena? E depois chegamos à noite cansados e esfalfados de tanto ver e admirar.
Goethe
In: Viagem a Itália. Lisboa: Círculo de Leitores, 1992, p. 161
Ele não tinha a pretensão de conhecer Roma em três semanas! Eram precisos seis meses, um ano, dez anos! A primeira impressão era sempre desastrosa; e, para alguma coisa se saber, exigia-se uma demorada permanência.
Émile Zola
In: Roma. Lisboa: Guimarães, 1932-1933, vol. 1, p. 63
Há cidades que nos voltam as costas, sem chegarem sequer a olhar para nós. Há outras que nos sacodem a mão, cordialmente, num sóbrio shake-hand de boas-vindas, e que depois lá seguem para os seus afazeres, os seus divertimentos, os seus labirintos em que nunca haveremos de penetrar. Há também as que discutem connosco, mas que por isso mesmo se nos tornam indispensáveis. E as que nos provocam; as que nos irritam; as que se divertem à nossa custa. Há ainda as que sabem de cor os mais secretos dialectos do desejo - para nos deixarem enrodilhados, insatisfeitos e melancólicos, na madrugada de frios arrabaldes. Há todavia, pelo contrário, as que nos vestem de música e de luz; que nos fazem lembrar, a cada passo, as irmãs mais velhas que não tivemos; que nos escutam com atenção – quando ficamos em silêncio – nas esplanadas do crepúsculo.
David Mourão-Ferreira
Li o livro de Goethe que gostei imenso. Sou suspeita, gosto muito do autor.
ResponderEliminarNão li o de Émile Zola mas concordo inteiramente com o conteúdo.
Boa estadia!
Grazie!
ResponderEliminarM.