quinta-feira, 17 de junho de 2010

BOTTICELLI



De Botticelli a dama de outra era
tão pálida tão loira a dama de oiro
a do rosto de lua e cor de cera
de Botticelli a do cabelo loiro.

A semi Afrodite a semi virgem
a chama que consome a própria chama
de Botticelli a flama e a vertigem
a de gelo e de lua: a loira dama.

O sol a cobra a espia do cabelo
dai-me de Botticelli o loiro loiro
a chama onde se inflama a lua e o gelo.

Sílaba a sílaba morrer contigo
ó dona do cabelo cor de trigo
no soneto onde está o velo de oiro.

Manuel Alegre
In: 30 anos de poesia. Lisboa: Dom Quixote, 1995, p. 670


Botticelli - O nascimento de Vénus
Têmpera sobre tela, 1483
Florença, Galleria degli Uffizi

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