Museu Nacional de Arqueologia de Atenas, escultura
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Haverá alguma coisa que eu possa viver nesta hora, algum sonho que não me doa a realidade?
Arrumei o quarto. Tirei os retratos da parede, o Cristo de metal todo verde, o Buda de porcelana. Relacionei, depois estas humildes tarefas com uma hipotética partida e estremeci de alegria. Fiz de conta que ia partir. Vi-me a despedir das alunas, das professoras, da directora, a atravessar as ruas de Macau: «Vou-me embora, sabem?» Falava para as pedras, para os caracteres doirados dos anúncios, para as velas negras das lorchas no cais.
Partir é bom, mas pensar em partir melhor ainda. Quanto a mim, acho que tenho sempre chegado. Partir é esperança. Chegar desencanto.
Maria Ondina Braga, Estátua de Sal, Lisboa: Editor José A. Ribero, 1983, p.72
O texto doído in: Estátua de Sal. A solidão, uma presença palpável na obra ímpar de Ma. Ondina Braga.
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ResponderEliminarAgradeço o seu comentário.
ResponderEliminarApesar de conhecer o nome não conhecia a obra. Procurei-a depois de ler uns trechos no blogue "A Casa Improvável".
Maria Ondina Braga está a ser uma verdadeira surpresa. É difícil arranjar os seus livros, este que ando a ler trouxe da biblioteca.
Bom dia!