No seguimento do post do Luís aqui fica o meu contributo para a leitura de Mário de Sá-Carneiro.
ULTIMO SONETO
Que rosas fugitivas fôste alli!
Requeriam-te os tapetes, e vieste...
Se me doe hoje o bem que me fizeste,
É justo, porque muito te devi.
Em que sêda de alfagos me envolvi
Quando entraste, nas tardes que apareceste!
Como fui de percal quando me déste
Tua bocca a beijar, que remordi!...
Pensei que fôsse o meu o teu cansaço,
Que seria entre nós um longo abraço
O tédio que, tão esbelta, te curava...
E fugiste... Que importa? Se deixaste
A lembrança violeta que animaste,
Onde a minha saudade a Côr se trava?...
Paris - Dezembro 1915.
Mário de Sá- Carneiro, " Últimos Poemas de Mario de Sá- Carneiro", in Athena Revista de Arte (edição facsimilada), Lisboa: Contexto Editora, s.d., p.44
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