BEIJOS...
Beijos dos lábios teus, vermelhos e setíneos,
Sorvidos com prazer e luxos momentâneos,
Nossa alma num fervor e temores subitâneos,
São um deleite d'Arte os lábios teus virgínios:
Pois falam à Poesia os beijos apolíneos
Que tu deste algum dia em ramo de gerânios
Tamanha confusão, ebulição em crânios,
Fusão do pensamento em íntimos escríneos...
E quando tu sorris? - teus lábios curvilíneos
Teus ritos de paixão de beijos sucedâneos,
Na febre irreprimida, em ânsias de nevrótica...
Teus beijos, porém, são caprichos instântaneos,
As tuas fantasias de beves declínios,
Como um emurchecer d'alguma flor exótica!
Abílio Rosas Moreira
(Fauno)
In: A Mocidade, Porto, 14 Out. 1922, p. 1
Bem dizia Antero... que a versalhada era a praga da literatura portuguesa.
* Com uma vénea (salvo seja) aos Gatos Fedorentos.
Acrescentei a citação exacta, em 1 Ago. 2010, às 13h52: «Os versos são a praga da literatura portuguesa.»
Tenho pena, MR, de não ter feito recortes de alguns "poemas" que li em jornais de província...um espanto. Mas estes "versos" também são exemplares do que de pior houve no séc. XVIII, à mistura com Eugénio de Castro de 3º ou 4ª ordem...
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