«São Pedro abre a porta dos Estoris...». É por aqui que vamos hoje, na companhia de Branca de Gonta Colaço e de Maria Archer (e também de A. H. de Oliveira Marques que nasceu nesta vila há precisamente 77 anos. Parece-me que já coloquei no blogue a casa onde teve lugar o feliz acontecimento.)
Cascais: C. M. Cascais; Oeiras: C. M. Oeiras, 1999
«Já São João era uma jóia da linha de Cascais e ainda São Pedro, na sua velha toponímia de Cai-Água, não merecia atenções nem preferências. No sítio correia o veio cantante da ribeira, Cai-Água de seu nome, havia um moinho, duas azenhas, uma taberna à beira da estrada, e os casebres onde viviam os homens do moinho e das azenhas. Nada mais.
«A estrada e o comboio cortavam a ribeira, passavam perto do moinho e das azenhas, e davam saída a todo o movimento que se ia expandir em São João, Santo António e no Monte. Cai-Água, porém, continuava a ser "o campo", o agro para a seara e a horta.
«Um dia o capitalista Nunes dos Santos, o arrojado criador dos Armazéns do Chiado, começou a comprar terrenos em Cai-Água, construiu ali umas casas, fez propaganda do local. Seguiu-se-lhe um outro, Alfredo Mela, e um outro, Rosalino Ferreira, que dotou o nascente povoado com a comodidade de uma mercearia. Cai-Água, assim provida, já ia tendo uns moradores modestos, uns chalets. Fez-se o Chalet Ideal n.º 1, o Chalet Ideal n.º 2, casas que representavam uns prémios dados pelos Grandes Armazéns do Chiado aos seus clientes e sorteados pela lotaria - assombrosa inovação publicitária no nosso pacato meio.» (p.261-262)
Quem quiser saber mais, leia o livro que vai adorar.
Pref. A. H. de Oliveira Marques.Cascais: C. M. Cascais; Oeiras: C. M. Oeiras, 1999
«Já São João era uma jóia da linha de Cascais e ainda São Pedro, na sua velha toponímia de Cai-Água, não merecia atenções nem preferências. No sítio correia o veio cantante da ribeira, Cai-Água de seu nome, havia um moinho, duas azenhas, uma taberna à beira da estrada, e os casebres onde viviam os homens do moinho e das azenhas. Nada mais.
«A estrada e o comboio cortavam a ribeira, passavam perto do moinho e das azenhas, e davam saída a todo o movimento que se ia expandir em São João, Santo António e no Monte. Cai-Água, porém, continuava a ser "o campo", o agro para a seara e a horta.
«Um dia o capitalista Nunes dos Santos, o arrojado criador dos Armazéns do Chiado, começou a comprar terrenos em Cai-Água, construiu ali umas casas, fez propaganda do local. Seguiu-se-lhe um outro, Alfredo Mela, e um outro, Rosalino Ferreira, que dotou o nascente povoado com a comodidade de uma mercearia. Cai-Água, assim provida, já ia tendo uns moradores modestos, uns chalets. Fez-se o Chalet Ideal n.º 1, o Chalet Ideal n.º 2, casas que representavam uns prémios dados pelos Grandes Armazéns do Chiado aos seus clientes e sorteados pela lotaria - assombrosa inovação publicitária no nosso pacato meio.» (p.261-262)
Quem quiser saber mais, leia o livro que vai adorar.
Lisboa: Colibri; Cascais: C. M. Cascais, 2005
«O que era, de facto, S. Pedro do Estoril? Era um local, um arrabalde do Estoril, outra terra indefinível. Eles dois, e mais S. João e mais o Monte, eram, no fundo, parte de Lisboa, uma Lisboa "de verão", onde se estava de Julho a Outubro. E, até há poucos anos, assim continuou a ser. [...]
«O reverso da medalha era fazer-se parte dos Estoris, o complexo turístico mais conhecido e elegante de Portugal, reputado internacionalmente e habitado pela realeza exilada ou deposta da época. Toda a gente os queria conhecer. E depois havia o comboio eléctrico, único de Portugal ao tempo. E a marginal, a melhor estrada do País. Chegar a S. Pedro era fácil, cómodo e rápido.
«A praia era pequena mas limpa, bordejada de rochas e poças onde se brincava à vontade na maré baixa. Um pouco mais distante havia uma rocha em forma de queijo, ou pudim, que mantinha o cucuruto de fora mesmo quando a maré subia. Aí comecei a nadar, às cavalitas de meu pai [...].» (A. H. de Oliveira Marques, p. 14-15)
Desconhecia que o nome antigo de S. Pedro era Cai-Água.
ResponderEliminarA Marginal era, como diz Oliveira Marques, "a melhor estrada do País", mas é, ainda hoje, das estradas mais lindas de Portugal. A Costa do Estoril é maravilhosa.
ResponderEliminarA fotografia da casa onde A. H. de Oliveira Marques nasceu foi publicada em 23 Jan. 2009 - «Lugares de memória - 1». (Tenho-me esquecido desta série.)
ResponderEliminarMiss Tolstoi, concordo consigo em relação à Marginal. Ainda ontem pude deliciar o olhar ao fazê-la.
E foi nesta Praia que eu me banhei pela primeira vez no mar.
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