Alta noite, lua quieta,
muros frios, praia rasa.
Andar, andar, que um poeta
não necessita de casa.
Acaba-se a última porta,
o resto é o chão do abandono.
Um poeta, na noite morta,
não necessita de sono.
Andar... Perder o seu passo
na noite, também perdida.
Um poeta, à mercê do espaço,
nem necessita de vida.
Andar... - enquanto consente
Deus que seja a noite andada.
Porque um poeta, indiferente,
anda por andar - somente.
Não necessita de nada.
Cecília MeirelesPara APS que há tempos colocou no ARPOSE dois versos desta poesia. Hoje encontrei o poema em
Poesia sempre II, uma antologia organizada por Sophia de Mello Breyner Andresen.
A Cecíla Meireles nunca me deixa indiferente e as releituras são-me sempre gratas. Obrigado, MR.
ResponderEliminarAmanhã levo o "Pegões"...
Lindo poema.
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