James Abbott McNeill Whistler (1834-1903), Arrangement in black and gold, Comte Robert de Montesquiou, 1891-92, óleo sobre tela, The Frick Collection, Nova Iorque.
Je suis le souverain des choses transitoires.
Escreveu Robert de Montesquiou-Fezensac ( 1855-1921), mais conhecido como Robert de Montesquiou, membro de uma das famílias da chamada nobreza imemorial com dezenas de antepassados ilustres, numa fotografia que enviou ao seu amigo Marcel Proust.
Proust que, tal como fez com tantos outros dos seus amigos, "parasitou" a vida de Robert como matéria literária para a Recherche: foi Robert de Montesquiou um dos inspiradores da personagem Barão de Charlus.
Robert de Montesquiou, dandy, coleccionador, esteta e escritor, foi sobretudo um guru para a geração fin-de-siècle, já que mesmo em vida a sua produção literária foi pouco considerada, tanto a poesia como os romances. Hoje, ninguém o lê.
No entanto, devemos-lhe muito. Foi a sua fortuna que apoiou financeiramente Mallarmé, Verlaine, Debussy, Fauré e outros. Apostas que fez e que ficam a seu crédito.
Quando pensei em "ilustrar" esta citação, ocorreu-me naturalmente o retrato que melhor se conhece dele, a enorme tela pintada por Giovanni Boldini e que domina uma parede no Museu D' Orsay ( pelo menos dominava na última vez que lá estive ), mas acabei por escolher este retrato pintado por um seu amigo, o norte-americano James Whistler.
A personalidade e o estilo de vida de Robert de Montesquiou não tiveram só tradução literária em Proust, já que inspiraram outros escritores: Huysmans à cabeça, que se baseou nele para criar Jean Des Esseintes, protagonista de À Rebours, um dos livros que mais perturbou a minha adolescência.
A frase é espantosa. Ele era das coisas transitórias; os outros são transitórios. :)
ResponderEliminarMas como há muitas coisas menos transitórias do que as pessoas... :)