quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Da Glória...

Antes de ir para a praia passei em Lisboa só para ver a exposição "A Invenção da Glória. D. Afonso V e as Tapeçarias de Pastrana" no MNAA. JP já focou este evento, a maioria dos prosimetronistas já foi visitar, apenas deixo as fotografias dos elementos que na tapeçaria despertaram mais o meu interesse.x
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As tapeçarias Pastrana são quatro monumentais panos de seda e lã tecidos em Tournai por encomenda de D. Afonso V e conservados na Colegiada de Pastrana desde o século XVI. O rei aparece no desembarque, no cerco e no assalto de Arzila., o outro pano é a conquista de Tânger. São documentos que podem auxiliar o estudo sobre as conquistas no Norte de África, as tácticas e a visão dos vencedores. Junto ao pano da conquista de Tânger colocaram os panéis de S. Vicente. A exposição é magnífica!
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Painéis de S. Vicente

xD. Afonso V e o seu filho, o infante D. João, no Cerco a Arzila. x

O rei surge identificado pelo seu estandarte, um rodízio que asperge gotas, pela armadura mais bela e ricamente vestido de panos brocados

D. Afonso V


O infante D. João (D. João II)54 *

Mas Afonso, do Reino único herdeiro,
Nome em armas ditoso em nossa Hespéria,
Que a soberba do bárbaro fronteira
Tornou em baixa e humílima miséria,
Fora por certo invicto cavaleiro,
Se não quisera ir ver a terra Ibéria.
Mas África dirá ser impossíbil
Poder ninguém vencer o Rei terríbil.

55

Este pôde colher as maçãs de ouro,
Que somente o Tiríntio colher pôde:
Do jugo que lhe pôs, o bravo Mouro
A cerviz inda agora não sacode.
Na fronte a palma leva e o verde louro
Das vitórias do Bárbaro, que acode
A defender Alcácer, forte vila,
Tângere populoso e a dura Arzila.

56

Porém elas enfim por força entradas,
Os muros abaixaram de diamante
As Portuguesas forças, costumadas
A derribarem quanto acham diante.
Maravilhas em armas estremadas,
E de escritura dinas elegante,
Fizeram cavaleiros nesta empresa,
Mais afinando a fama Portuguesa.

Luís de Camões, Os Lusíadas, canto IV, estrofes 54, 55 e 56.,

Imprensa Nacional de Lisboa, 1971.


O catálogo da exposição em língua portuguesa já estava esgotado, espero que em breve haja outra publicação.

2 comentários:

  1. Filipe,
    Vai gostar, as tapeçarias são monumentais. Depois têm tantos pormenores que temos que prender o olhar às telas gigantes.

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