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(Despique, numa noite de boémia académica, na bodega do Campos da Baixa - do Homem do Gás - em Coimbra.)
PENHA:
Iam caminho de Sintra,
Montados num só jumento,
Um vate e um dandy pelintra,
Soltando canções ao vento.
Pára o burro; é como chumbo.
Diz-lhe o bardo: «Ó gâmbias podres!»
Responde o triste: «Sucumbo
Sob o peso de tais odres.»
... ... ...
Junqueiro, que vens de junco,
Tu, que és pássaro bisnau,
Não abres o bico adunco?
Pois não me sentiste o pau?
JUNQUEIRO:
O Penha borracho
Corria, cantando,
No dorso dum macho,
Mas eis senão quando
A besta o estira
Na lama da praça.
Quebrou-se-lhe a taça,
Quebrou-se-lhe a lira,
Quebrou-se-lhe tudo
E o pobre Oliveira
Só não diz asneira
Quando fica mudo.
PENHA:
Afinaste a veia chata,
Bebeste o copo dum borco,
E a cidade, estupefacta,
Ouviu o grunhir dum porco.
JUNQUEIRO:
Porco és tu, meu animal,
Porque as vermelhas canções,
Que sacas do teu bestunto,
São vermelhos salpicões,
Não são versos, são presunto.
PENHA:
Acertou-te a pedra, e de arte
Que te fiz na testa um galo,
E forcejas por vingar-te
Como se vinga um cavalo.
JUNQUEIRO:
Dou-te um conselho, Oliveira,
Como estás com muita pressa,
Vai coser a borracheira,
Meu menestral de tripeça!
... ... ...
In: Obras de Guerra Junqueiro. Porto: Lello & Irmão, s.d., p. 1043-1045
Nota: João Penha chamava-se João de Oliveira Penha Fortuna.
Para o Jad, enquanto não aparece o poema da cabra.
Um dia destes ponho um conto, adaptado por Junqueiro e que faz parte dos Contos para a infância - não dou com o livro, que inclui uma cabra.
Um dia destes ponho um conto, adaptado por Junqueiro e que faz parte dos Contos para a infância - não dou com o livro, que inclui uma cabra.
Ignorância absoluta,confesso. Duas pérolas!
ResponderEliminarUma cabra fugidia! :)
ResponderEliminarAcho que é na Casa das Artes de Famalicão que está patente uma expo sobre Junqueiro.
Vou averiguar.
ResponderEliminarObrigado
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