Lisboa: Tinta-da-China, 2009
Ando a ler este livro há já um tempo, intervalado com outros. Hoje de manhã li este pedaço que não posso deixar de transcrever:
«Permitam-me um pequeno parêntesis, ao mesmo tempo burlesco e significativo: não posso deixar de referir o episódio caricato do Pedro da Silveira ter sido preso por uma acusação que nunca se soube qual era; o que se dizia é que ele, conversando connosco no Bar Jade, teria afirmado que o Afonso de Albuquerque era homossexual. Eu fui chamado para dizer o que estávamos a fazer, nessa noite, nas Capelas. Disse que estava a ler A Tabacaria, de Álvaro de Campos, e tive de ditá-la integralmente para um polícia escrivão, que não pertencia à PIDE - era antes o chefe da PSP.»
Mário Barradas
«"Magistério de influências": em defesa da democracia». In: A oposição ao salazarismo em São Miguel e em outras ilhas açorianas (1950-1974). Lisboa: Tinta-da-China, 2009, p. 113-114
X
X
Imaginem o tempo que o Mário Barradas lá deve ter estado a ditar A Tabacaria, à velocidade a que os polícias costuma(va)m escrever... E o polícia nunca mais se esqueceu d'A Tabacaria. :-)
Hei-de voltar a este livro.
A ignorância e a estupidez dos pides e censores não tinha limites
ResponderEliminarVolte, volte, MR, que o aperitivo estava imensamente saboroso!...
ResponderEliminar:)
ResponderEliminarTenho lido e ouvido sobre cenas caricatas como esta.
ResponderEliminarA mais caricata, para mim, é a da apreensão de um livro de Racine na fronteira. E quando a pessoa disse ao fiscal que o livro era de um clássico francês, a resposta foi: «- Pois, pois, Racine, Lenine e Staline é tudo a mesma coisa!» O rapaz era um erudito.
ResponderEliminar