Era ainda noite negra, quando a campainha da porta bateu com força... Moisés acordou sobressaltado, recomeçou a ouvir os ais da mulher, e perguntou:
- Ouviste? Bateram...
- Sei lá ... Em mim é que parece que bateram!
Mas agora não havia dúvida, voltava a campainha a tocar desalmadamente. Enfiou as pantufas e pelo corredor já mal iluminado pela lamparina exausta de azeite, foi à porta:
- Quem é? O que é que querem a estas horas?
- Abra Moisés. É o seu vizinho Lopes, o do rés-do-chão...
-Obrigado mas ainda não há novidades.
- Há, sim! Abra.
Estremunhado, Moisés abriu as portas, sem perceber a insistência do vizinho:
- Você já sabe? Rebentou.
- Ó amigo Lopes, garanto-lhe que por enquanto ainda não...
- Pois você não ouviu? Foi assim: Pum, Pum, Pum ...
(Logo mais, ou amanhã, esclareço quem escreveu este relato, de 4 de Outubro de 1910).
Os amigos de José Fontana contavam que ele aparecia sempre a prometer que «ela rebentaria, - para a semana.»
ResponderEliminarAparecia, sempre com ar conspirativo...
ResponderEliminarDurante o "Estado Novo" também houve destes profetas pouco clarividentes...
ResponderEliminarAgora este nome "Moisés" diz-me qualquer coisa?!...
fartei-me de ouvir: «- Está para breve».
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