A língua como instrumento de soberania
Gândavo, para aqueles que não o conhecem foi um escritor português amigo de Luís de Camões que o honrou com tercetos e um soneto, que o autor colocou como introdução ao seu segundo livro publicado. E não é demais salientar que esses tercetos e esse soneto é a única lírica de Camões impressa durante a sua vida, dado que as Rimas são, já, uma obra póstuma.
Gândavo, de seu nome Pêro de Magalhães de Gândavo (Gândavo era a alcunha que recebeu por a sua família ter origem em Gand, na Flandres do século XV), imprimiu dois livros importantes: o primeiro, Regras que ensinam a maneira de escreuer e orthographia da lingua Portuguesa, com hum Dialogo que a diante se segue em defensam da mesma lingua, foi impresso em Lisboa, na oficina de António Gonçalves, em 1574; o segundo Historia da Prouincia sancta Cruz a que vulgarmente chamamos Brasil, igualmente impressa em Lisboa, pelo mesmo impressor, em 1576.
As Regras que ensinam a maneira de escreuer e orthographia da lingua Portuguesa, em especial o Dialogo que as acompanha são um verdadeiro monumento em defesa da língua portuguesa contra o bilinguismo que a corte de Portugal, desde o século XV, com os sucessivos casamentos dos Reis de Portugal nos outros reinos da Hispânia, usava e praticava. É Gândavo o primeiro a usar a língua Portuguesa como um instrumento de Soberania. A falta que nos faz hoje um Gândavo, dado que agora é moda (imposta) de todos os relatórios das actividades das Universidades e dos Centros de Investigação Portugueses serem entregues em Inglês no Ministério e na Fundação para a Ciência e a Tecnologia em Portugal.
A Historia da Prouincia sancta Cruz a que vulgarmente chamamos Brasil é apenas a primeira história do Brasil, donde se pode incutir da sua importância.
Mas toda esta minha longa introdução vem a propósito de um livro publicado no século XXI (2009) que acabo de conhecer. Tem como título Pero de Magalhães de Gândavo, autor da primeira obra sobre a ortografia da língua portuguesa e da primeira história do Brasil, foi escrito por Guilherme Gomes da Silveira d'Avila Lins e publicado no Recife, pela Editora Universitária da Universidade Federal de Pernambuco. É que, embora se esteja no século XXI e o autor trate de um dos grandes gramáticos e ortografista português, o dr. Guilherme d'Avila Lins desconhece em absoluto o ductos (i.e. o desenho) das letras com que então se imprimia em Portugal. É rara a folha do seu livro em que não existam erros na fixação do texto de Gândavo ou de outros autores. Nem mesmo quando clama desculpa para as suas falhas, como acontece na pag. 7, em que copia o prólogo da obra de Gândavo.
As Regras que ensinam a maneira de escreuer e orthographia da lingua Portuguesa, em especial o Dialogo que as acompanha são um verdadeiro monumento em defesa da língua portuguesa contra o bilinguismo que a corte de Portugal, desde o século XV, com os sucessivos casamentos dos Reis de Portugal nos outros reinos da Hispânia, usava e praticava. É Gândavo o primeiro a usar a língua Portuguesa como um instrumento de Soberania. A falta que nos faz hoje um Gândavo, dado que agora é moda (imposta) de todos os relatórios das actividades das Universidades e dos Centros de Investigação Portugueses serem entregues em Inglês no Ministério e na Fundação para a Ciência e a Tecnologia em Portugal.
A Historia da Prouincia sancta Cruz a que vulgarmente chamamos Brasil é apenas a primeira história do Brasil, donde se pode incutir da sua importância.
Mas toda esta minha longa introdução vem a propósito de um livro publicado no século XXI (2009) que acabo de conhecer. Tem como título Pero de Magalhães de Gândavo, autor da primeira obra sobre a ortografia da língua portuguesa e da primeira história do Brasil, foi escrito por Guilherme Gomes da Silveira d'Avila Lins e publicado no Recife, pela Editora Universitária da Universidade Federal de Pernambuco. É que, embora se esteja no século XXI e o autor trate de um dos grandes gramáticos e ortografista português, o dr. Guilherme d'Avila Lins desconhece em absoluto o ductos (i.e. o desenho) das letras com que então se imprimia em Portugal. É rara a folha do seu livro em que não existam erros na fixação do texto de Gândavo ou de outros autores. Nem mesmo quando clama desculpa para as suas falhas, como acontece na pag. 7, em que copia o prólogo da obra de Gândavo.
Daí a importância de se saber paleografia :)
ResponderEliminarE ainda recentemente o nosso parlamento aprovou mais uma medida que torna o inglês ainda mais língua franca entre nós. Nestas coisas, somos sempre dos primeiros a querer ser "modernos". Mas da maneira como isto anda, se calhar até é bom que a nossa juventude comece a falar as línguas dos "ricos" logo no jardim de infância...