A ração do céu de Artur Portela (filho) é uma belíssima história poética, uma fábula que fala dos homens e da fome. É um pequeno livro mas lê-se de um fôlego! (modificado às 19:37 h) x
Hieronymus Bosch, detalhe do Jardim das Delícias Terrenas, 1504
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Ele sabia de cor uma história das aves.
E teve tempo de a recitar, marcando a cadência escolarmente com a cabeça, pendulando muito rapidamente a cabeça, enquanto elas desciam, muitas e próximas, todas na sua direcção.
Eram aquelas aves que o vento fizera na pedra / e que o vento soltara / e que o vento levara / e que o vento ouvira chamar / leva-me ave de pedra / cavalgara assim a pedra / no vento cavalgara / e assim levara / à amada o seu amado.
Artur Portela (filho), A ração do céu, Lisboa: Editorial Notícias, 2001, p. 61
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