sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Leituras no Metro - 39


2.ª ed. Alfragide: Asa, 2010
Este livro, cuja 1.ª ed. saiu em 2006, deve ter tido agora nova edição devido à publicação, entre nós, de Bibliotecas cheias de fantasmas, de Jacques Bonnet. É o livro mais citado por ele. E percebe-se porquê. Acabei de o ler. E já o passei a alguém que o vai ler. Mas gostei mais das Bibliotecas...


Lisboa: Vega, 1996

Lisboa: Clube Português do Livro e do Disco, 1974

Lisboa: Ed. Associados, ca 1970

«Muitas vezes me perguntei porque conservo livros que só num futuro remoto me poderiam ajudar, títulos afastados dos percursos literários mais habituais, aqueles que uma vez li e não voltarão a abrir as suas páginas durante muitos anos. Talvez nunca mais! Mas como desfazer-me, por exemplo, de O apelo da selva, sem apagar um dos poucos marcos da minha infância, ou de Zorba, o Grego, que com um pranto selou a minha adolescência. De 25.ª hora, e de tantos outros há anos relegados para as prateleiras mais altas, íntegros, no entanto, e mudos, na sagrada fidelidade que nos adjudicamos.
«Amiúde é mais difícil desfazermo-nos de um livro do que obtê-lo. Ligam-se a nós num pacto de necessidade e de esquecimento, como se fossem testemunhas de um momento das nossas vidas ao qual não regressaremos. Mas enquanto aí permanecerem, presumimos tê-los juntado. Vi que muita gente coloca a data, o dia, o mês e o ano da leitura; traçam um discreto calendário. Outros escrevem o seu nome na primeira página, antes de os emprestarem, anotam numa agenda o destinatário e acrescentam-lhe a data. Vi volumes carimbados como os das bibliotecas públicas ou com um delicado cartão do seu proprietário no seu interior. Ninguém quer extraviar um livro. Preferimos perder um anel, um relógio, o chapéu-de-chuva, do que o livro cujas páginas não mais leremos mas que conservam, na sonoridade do seu título, uma antiga e talvez perdida emoção. [...]
«Nós, leitores, espiamos a biblioteca dos amigos, nem que seja apenas para nos distrairmos. Às vezs, para descobrir um livro que gostaríamos de ler e não possuímos, outras para saber o que comeu o animal que temos diante de nós. Deixamos um colega sentado na sala e no regresso encontramo-lo invariavelmente de pé a farejar os nossos livros.» (p. 15-16)


A 25.ª Hora, adaptação cinematográfica (1967) de Henri Verneuil, com Anthony Quinn e Virna Lisi.

Li estes três livros, o segundo depois de ver o filme. O apelo da selva ofereci-o e reli-o há pouco, nesta edição.
O primeiro livro de Virgil Gheorghiu que li foi O homem que viajou sozinho (que adorei) tendo de seguida lido mais dois ou três que, então, estavam traduzidos. Lá continuam na estante e nunca mais os reli.
Pertenço à categoria dos que quando emprestam um livro «escrevem o seu nome na primeira página», melhor, na folha de rosto, a lápis.
Quanto a perder livros, perdi poucos, pouquíssimos, o último dos quais - Filipe III, de António de Oliveira - deixei-o, há anos, no comboio entre Moscovo e S. Petersburgo. E fiquei tristíssima.
Também «farejo» os livros dos amigos. Gosto de saber o que lêem. :)

1 comentário:

  1. 25.ª hora: um dos meus livros preferidos de miúdo. Não faço ideia onde o tenho e isso, de vez em quando (ao lembrar-me), faz-me pena.
    Depois vi o filme. Tenho ideia de ter gostado, mas, como em geral sucede, ficou atrás da impressão originária.

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