Ontem na Quinta das Lágrimas, no Jardim Japonês criado pela arquitecta paisagista Doutora Cristina Castel Branco, tive o privilégio de assistir à "Arte do Chá" como denominam os japoneses.
A Professora Ayano Shinzato, professora do curso de Japonês na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, preparou o chá para os seus alunos do curso. Por uma questão de cortesia não fotografei o ritual com o pormenor que gostaria.
O chá foi cuidadosamente preparado com pó de chá verde e elaborado com um conjunto de gestos e de regras que atribuem àquele momento um acto simbólico de meditação. Depois de deitar o pó, é cuidadosamente mexido, com um determinado número de voltas. A Professora Ayano deu a taça do chá aos convidados, rodando a taça três vezes de modo ao desenho mais importante ficar voltado para o convidado. Este recebe a taça e tem que executar os mesmos movimentos e beber o chá com o desenho virado para o anfitrião tudo seguido com um conjunto de códigos e acenos de cabeça. Sentados no chão, antes de beber o chá, a anfitriã oferece um papel de arroz com o desenho de uma sakura a cada um e coloca o bolo castella, pão de ló, levado pelos portugueses para o Japão. O bolo deve ser cortado em quatro quadradinhos e comido. Após a degustação do bolo é que a taça do chá é entregue. Na pequena taça vem o chá verde, cor mesmo verde, sem açúcar e deve beber-se em três goladas, uma, duas e a terceira deve-se absorver (com ruído) todo o chá. O ritual deve ser feito em silêncio, seguindo-se depois uma palestra ou conversa e meditação a olhar o jardim pleno de simbologia quer pela distribuição das pedras, quer pela distribuição do musgo, das árvores e das flores. No jardim está representado o Universo e as ondas: o mar imenso que faz parte do quotidiano japonês, o mar que dá e tira, como se pôde ver com a tragédia provocada com o sismo. A Doutora Cristina Castel Branco explicou a harmonia, a simboligia e o valor atribuído pelos japoneses à natureza.
A desventura que está a viver o Japão
A Professora Ayano contou, e pode ler-se na entrevista que deu ao Expresso, na Revista desta semana que:
"Na raiz da nossa educação temos o xintuísmo e aceitamos a natureza como ela é. Não podemos mudar os fenómenos da natureza como um sismo ou um tsunami, mas temos de nos adaptar, aprendendo com cada tragédia, estudando novas tecnologias que nos dêem mais segurança."
xx
O bolo Castella feito por Paulo Duarte como era executado no Japão no século XVI depois dos portugueses introduzirem a receita.
Uma bela "reportagem"!
ResponderEliminarObrigada Luís! :)
ResponderEliminarQue maravilha. Gostei muito de aprender sobre este ritual.
ResponderEliminarMargarida,
ResponderEliminarIa gostar de participar, sem duvida.
Obrigada.
Bjs. :)
Adorei, lindo, lindo! Tenho particular curiosidade sobre a culinária Portuguesa, foi excelente aprender tanto.
ResponderEliminarObrigada.