sexta-feira, 11 de março de 2011

A vida e a morte não podem repetir-se



Trama IV

A vida e a morte não podem repetir-se

Uma destas crianças que manifestavam uma grande dificuldade, e também um grande desejo, de aprender a ler e a esrever, exprimia-se, pouco tempo depois, num texto que intitulou O Deus do céu e o Deus do mar:

« O céu não é Deus, mas de todos que aí vão. Mas o céu fez-se limpo para nós, que o fazemos sujo. O mar é do deus (sic) que o agita. Pode-se nele tomar banho graças ao deus, mas fica-se sujo graças ao homem. Quando se vai ao mar não se pensa que há perigo porque deus protege-nos. Mas, quando se nada, arriscamo-nos a afogarmo-nos para encontrar o céu.»

Maria Gabriela Llansol, O Livro das Comunidades, Lisboa: Relógio de Água, 1999, p. 95-96

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