sábado, 2 de abril de 2011

Andersen em Lisboa


Lisboa. Entrada do Passeio Público do Rossio meados do séc. XIX
Litografia, ca 1850
http://purl.pt/93/1/iconografia/primo_basilio/e1689p_fic.html
«Por todas as descrições de Lisboa com que deparei, formara para mim próprio uma imagem desta cidade mas a realidade foi bem outra, mais luminosa e bela. Fui obrigado a exclamar: - Onde estão as ruas sujas que vira descritas, as carcaças abandonadas, os cães ferozes e as figuras de miseráveis das possessões africanas que, de barbas brancas e pele tisnada, com nauseantes doenças, por aqui se deviam arrastar? Nada disso vi e quando dessas coisas falei, responderam-me que correspondiam a uma época de há trinta anos, de que muitas pessoas se lembravam perfeitamente. As ruas são agora largas e limpas; as casas confortáveis, com as paredes cobertas por azulejos brilhantes de desenhos azuis sobre branco; as portas e janelas de sacada sáo pintadas a verde ou vermelho, duas cores que se vêem por toda a parte, mesmo nos barris dos aaguadeiros. O passeio público, um jardim longo e estreito no meio da cidade, é à noite iluminado a gás e aí se ouvem concertos. As árvores em flor desprendem um perfume bastante forte; é como se estivéssemos numa loja de especiarias ou numa confeitaria que preparasse e servisse gelados de baunilha.»
H. C. Andersen
In: Uma visita a Portugal em 1866 / trad. Silva Duarte. Lisboa: O Independente, 2001, p. 36

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