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O Aljube, antiga cadeia, encerrada em Agosto de 1965, reabre hoje para uma exposição:
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Cela 13
As paredes medem só
inteiriçado corpo no chão
Morrem, ao cabo, em quilha de barco
- Ventre vazio de um porão
na solidão de charco.
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Luís Veiga Leitão
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«No meu tempo era utilizado o velho Aljube, ex-convento e ex-prisão de mulheres, defronte da Sé, de arquitectura maciça e quase tão vetusta como esta [Caxias].
«Dividiram uma grande sala em pequenas celas, cerca de vinte. Eram os ‘curros’, como lhe chamávamos. Isoladas das janelas por largo corredor. Com portas duplas, sem luz eléctrica até à década de 60, tinham uma curiosa característica. Transformavam um dia de sol numa penumbra cinzenta. Pelo meio da tarde era noite lá dentro. Procuravam-se os objectos aos apalpões de cegos.
«De paredes altas, eram muito estreitas. Um homem não podia estender os braços. O comprimento variava. Havia aquelas onde só o leito cabia, com os seus três passos correspondentes, às intituladas ‘duplas’, para dois ‘hóspedes’ e com oito ou nove pessoas.
«Os móveis eram uma curta tarimba com uma enxerga de dois dedos de palha mal cheirosa; uma almofada do mesmo material, e duas mantas incrivelmente sujas. E por uma tábua onde se colocavam as roupas e alimentos e por onde passavam as baratas.
«Quanto a utensílios, davam apenas um copo de lata e um escarrador pequeno, que era também cinzeiro.»
«Dividiram uma grande sala em pequenas celas, cerca de vinte. Eram os ‘curros’, como lhe chamávamos. Isoladas das janelas por largo corredor. Com portas duplas, sem luz eléctrica até à década de 60, tinham uma curiosa característica. Transformavam um dia de sol numa penumbra cinzenta. Pelo meio da tarde era noite lá dentro. Procuravam-se os objectos aos apalpões de cegos.
«De paredes altas, eram muito estreitas. Um homem não podia estender os braços. O comprimento variava. Havia aquelas onde só o leito cabia, com os seus três passos correspondentes, às intituladas ‘duplas’, para dois ‘hóspedes’ e com oito ou nove pessoas.
«Os móveis eram uma curta tarimba com uma enxerga de dois dedos de palha mal cheirosa; uma almofada do mesmo material, e duas mantas incrivelmente sujas. E por uma tábua onde se colocavam as roupas e alimentos e por onde passavam as baratas.
«Quanto a utensílios, davam apenas um copo de lata e um escarrador pequeno, que era também cinzeiro.»
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José Magro
In: Cartas da prisão: 1. Vida prisional. 2.ª ed. Lisboa: Ed. Avante, 1975, p. 21-22. (Col. Resistência)
Gostei. E lembrei-me também de um poema, bonito, em que Veiga Leitão fala de uma bicicleta.
ResponderEliminarGosto da poesia do Veiga Leitão. Talvez procure esse poema e o coloque. :)
ResponderEliminarVenho felicitar a escolha da vinheta!
ResponderEliminarJá felicitei noutro post porque pensei que era de MR.
E depois da exposição, qual vai ser o futuro do Aljube? Sabe?
ResponderEliminarParece-me que o espaço foi entregue à associação Não Apaguem a Memória! para fazer um espaço museológico e expositivo.
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