quarta-feira, 20 de abril de 2011

O outro lado da crise ou Das três uma

Este senhor chama-se Raphael Minder e é o correspondente para Portugal e Espanha do New York Times e do International Herald Tribune. Foi entrevistado por Micael Pereira para o Expresso, e as suas observações e consequentes perplexidades são as mesmas que já tenho partilhado com outros prosimetronistas e não só:

Na quinta, o estádio da Luz estava cheio. Na sexta, o Bairro Alto estava a abarrotar, parecia Madrid nas melhores noites. Mas o pior foi no sábado: tentei três restaurantes e nenhum deles tinha mesa vaga. A cervejaria Trindade estava com uma fila de 20 pessoas à minha frente. Das três uma: ou os portugueses ainda não se aperceberam da gravidade da crise; ou perceberam e querem festejar até ao cair do pano; ou o país está dividido em dois, a parte que sofre, cada vez mais pobre, e a outra, que esgota as mesas dos restaurantes. Quem aterra em Lisboa, e não leia notícias, não sente que este país atravessa uma crise tão séria.

3 comentários:

  1. Não consigo responder, totalmente, a estas contradições, mas tenho 2 principais explicações para estes factos reais:
    1. a economia paralela;
    2. os paizinhos benevolentes e investidores permanentes dos filhinhos carenciados (e, muitas vezes, desempregados).
    Sobre a Cervejaria da Trindade, aonde vou com alguma frequência, mais de metade dos clientes, sobretudo à noite, são turistas. Além disso, comendo o prato do dia (seg. a sexta: 7,99 euros, creio), bebendo cerveja e tomando 1 café, chegarão 10,00, para pagar a conta - não me parece caro. Os turistas gostam e acham barato.

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  2. Férias da Páscoa: o Algarve está a 100% e imensa gente comprou viagens para as Caraíbas, etc.
    A minha preplexidade não é de hoje. Quando há gente a viajar a crédito, etc.

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  3. APS: É verdade o que diz sobre a economia paralela, a menos e a mais ilícita ( tráficos de vária ordem, corrupção etc )e sobre o "patrocínio" dos paizinhos, mas ainda assim há muito que fica por explicar desde logo os níveis de consumo que não parecem abrandar ( basta circular um pouco pelos grandes centro comerciais ).
    Quanto à restauração, se o problema de arranjar mesa fosse só na Trindade...

    M.R: Também li as notícias sobre o Algarve, Cabo Verde esgotado etc.
    E não me digam que são os ricos, velhos ou novos, porque bem sabemos que esses vão para outros sítios.

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