domingo, 8 de maio de 2011

A nossa vinheta

Um grupo de escuteiros abordou-me para lhes comprar uma oração (impressa) com o objectivo de ajudar um grupo de peregrinos a custear a sua peregrinação a Fátima. A oração era dirigida ao Menino Jesus Caminheiro. Lembrei-me de ter visitado o Museu de S. Roque e de ter visto esta peça que é para mim peculiar.



Menino Jesus Caminheiro, século XVIII




Madeira policromada e dourada, Museu de S. Roque, Lisboa





A oração era dirigida ao Menino Jesus Caminheiro como guia.



Vêem-se muitos peregrinos na estrada, nem sempre respeitando as regras de segurança, o ano passado morreram alguns por acidente. Vejo-os e não consigo deixar de louvar a sua fé, embora para mim seja inexplicável. Então, recordei-me de Machado de Assis.
Interessante é, também, avaliar a correlação entre a crise e a aproximação dos crentes à Igreja.





As orações dos homens
Subam eternamente aos teus ouvidos;
Eternamente aos teus ouvidos soem
Os cânticos da terra.

No turvo mar da vida,
Onde aos parcéis do crime a alma naufraga,
A derradeira bússola nos seja,
Senhor, tua palavra.

A melhor segurança
Da nossa íntima paz, Senhor, é esta;
Esta a luz que há de abrir à estância eterna
O fulgido caminho.

Ah ! feliz o que pode,
No extremo adeus às cousas deste mundo,
Quando a alma, despida de vaidade,
Vê quanto vale a terra;

Quando das glórias frias
Que o tempo dá e o mesmo tempo some,
Despida já, — os olhos moribundos
Volta às eternas glórias;

Feliz o que nos lábios,
No coração, na mente põe teu nome,
E só por ele cuida entrar cantando
No seio do infinito.

Machado de Assis, in Crisálidas

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