sexta-feira, 3 de junho de 2011

Guias - 1

«Fora da fronteira, com um passaporte no bolso, um saco de noite na mão e um chapéu de chuva debaixo do braço, Vossa Alteza tem à sua disposição, como qualquer outro, para salvaguardar e manter os seus invioláveis direitos de homem provido de uma chapeleira e de um guia Baedecker, todas as armadas e todos os exércitos do mundo.»
Ramalho Ortigão – «A Sua Alteza o sereníssimo príncipe senhor D. Carlos regente em nome do rei». In: As Farpas, 25 Maio 1883

Agora que o Verão vai começar em breve, resolvi abrir uma nova série – na qual espero que todos colaborem – dedicada aos guias. De acordo com a GEPB, um guia é um «livro que contém informações úteis para o leitor se poder dirigir em uma região, em um assunto: carta de guia; guia de Portugal; guia do criador de coelhos; guia dos caminhos-de-ferro.«
Pela minha parte acho que só me debruçarei sobre guias de viagem – uma grande paixão minha: os guias e as viagens. E dado que esta época do ano é aquela em que mais guias se vendem e utilizam.
Em 1841, Thomas Cook (1808-1892) organiza as primeiras excursões colectivas em Inglaterra, naquilo que é considerado como um antepassado do turismo social. É no século XIX que tem início a indústria turística, a qual pretende proporcionar alguma informação e protecção aos viajantes nas suas deslocações, em relação ao desconhecido. Para terem alguma informação com que possam preparar a viagem e (ou) que os acompanhe na sua efectivação, nada melhor que um manual. Aparecem os primeiros guias: o Handbook Murray (Inglaterra, 1836), o Itinéraire de la Suisse, de Joanne (França, 1841) – o antepassado do Guide Bleu - e os guias de Karl Baedeker (Alemanha, 1841), os quais dão informações e conselhos aos viajantes sobre o modo de preparar a sua viagem: passaportes, transportes, alfândegas, estradas, hotéis, etc.
Em 1552, tinha saído em França aquele que é considerado o primeiro de todos os guias: La guide des chemins de France, de Charles Estienne (1504?-1564), o qual teve muitas reedições.
Em Inglaterra, já anteriormente à saída do Handbook Murray, o editor James Duncan, de Londres, tinha uma colecção de guias – The Modern Traveller –, cujos números 18 e 19, publicados em 1826, se referem a Espanha e Portugal.

Em 1855 os guias Joanne foram vendidos a Louis Hachette (1800-1864), os quais deram origem, em 1919, aos Guides Bleus.

Outro muito popular é o Guide vert, o qual foi fundado em 1926 pela família Michelin. Estes guias dão mais atenção ao património natural e cultural das regiões ou dos países a que se referem.
Hoje há guias para todos os gostos: mais ou menos culturais; para viagens demoradas ou para escapadas de fim-de-semana; para estudantes ou para executivos; para viagens mais económicas u menos. Os mais conhecidos hoje são, para além dos já referidos Guide Bleu e Guide Vert: Fodor Modern Guides, Let’s go (publicado em Havard, em 1960. foi o primeiro dirigido aos estudantes), Lonely Planet, Insight Guides, Berlitz, Rough Guides, Frommers, Your Pocket City Guides, Ulysses Travel Guides, Time Out, American Express, Routard, etc.
Ao longo dos próximos tempos, falarei de alguns dos meus guias. Espero que os meus amigos prosimetronistas também nos façam conhecer os seus. Mesmo para além dos turísticos.
Boas viagens!

4 comentários:

  1. Bom dia, MR. Parabéns pelo post.Gostei muito.

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  2. Tenho muitos e variados, alguns ainda por usar.

    Bon voyage!

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  3. Também eu, Luís. De repente lembro-me d0 Egipto e Marselha. Mas há mais.
    Luís e MLV, espero (esperamos todos) que colaborem.

    Merci!

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  4. Alguns muito bons e úteis. Costumo usar sempre o mesmo modelo porque, depois de se aprender a funcionar com ele, é mais prático.

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