Já em si um monumento de beleza indescritível, o palácio em Tsarskoe Selo, 25 quilómetros a sul de São Petersburgo, também conhecido por “Palácio de Catarina”, alberga a chamada “Sala de Âmbar”, em tempos considerada a oitava maravilha do mundo.
Frederico I da Prússia ordenou a construção desta sala, destinada para seu palácio em Charlottenburg em Berlim, a partir de 1701, sob a direcção dos arquitectos e escultores Andreas Schlüter, Gottfried Wolfram, Ernst Schacht e Gottfried Turau. Milhares de peças de âmbar, uma resina fóssil de cor de laranja, revestiram os painéis da sala, decorados ainda com folha de ouro e espelhos – uma configuração de valor inimaginável, nunca dantes realizada. Em 1713, ano de conclusão da obra, Pedro I (Pedro o Grande) visitou Berlim e, deslumbrado com o Bernsteinzimmer (designação da sala em alemão), recebeu a sala como presente, em troca de 55 soldados russos de uma altura de 2 metros, a integrar o exército prussiano. Desmontada a câmara em 1717, foi primeiro reinstalada no Palácio de Inverno por orientação da Czarina Isabel, filha de Pedro I, antes de ser transferida definitivamente para Tsarskoe Selo em 1755. Bartolomeo Francesco Rastrelli, figura incontornável da fisionomia arquitectónica de São Petersburgo, ampliou o espaço, completando-o com acrescentos de mosaicos florentinos de pietra dura.
Durante a Segunda Guerra Mundial, a sala foi desmontada por tropas alemãs. A 14 de Outubro de 1941, sob o comando de Graf Solms-Laubach, foi transportada em 27 contentores para o castelo de Königsberg (hoje Kaliningrad), onde esteve acessível ao público. A partir de Janeiro de 1945, perde-se todo o rasto ao Bernsteinzimmer: a forte destruição do castelo durante bombardeamentos sugere o fim trágico da sala – esta possibilidade será a mais provável. A incerteza, porém, conduziu a diversas teorias sobre o paradeiro da sala de âmbar e a um verdadeiro mito em torno desta preciosidade. Algumas testemunhas afirmam ter visto vestígios de âmbar na estação ferroviária de Kaliningrad em 1945, o que sustentaria a hipótese de um transporte para a Alemanha (Dresden, talvez). Outras especulações relacionam o desaparecimento com a família real holandesa e o ouro nazi. Enfim, a Sala de Âmbar em nada perdeu o seu fascínio ao longo das últimas décadas.
Em 1979, o regime comunista soviético decidiu reconstruir a câmara no Palácio de Tsarskoe Selo, de acordo com as fotografias do original existentes. No âmbito do tricentenário da cidade de São Petersburgo, todo o esplendor ressuscitou a 31 de Maio de 2003: o chanceler alemão de então, Gerhard Schröder, e o presidente russo, Wladimir Putin, reinauguraram este espaço único.
Imagens: Sala de Âmbar, Palácio de Tsarskoe Selo
Frederico I da Prússia ordenou a construção desta sala, destinada para seu palácio em Charlottenburg em Berlim, a partir de 1701, sob a direcção dos arquitectos e escultores Andreas Schlüter, Gottfried Wolfram, Ernst Schacht e Gottfried Turau. Milhares de peças de âmbar, uma resina fóssil de cor de laranja, revestiram os painéis da sala, decorados ainda com folha de ouro e espelhos – uma configuração de valor inimaginável, nunca dantes realizada. Em 1713, ano de conclusão da obra, Pedro I (Pedro o Grande) visitou Berlim e, deslumbrado com o Bernsteinzimmer (designação da sala em alemão), recebeu a sala como presente, em troca de 55 soldados russos de uma altura de 2 metros, a integrar o exército prussiano. Desmontada a câmara em 1717, foi primeiro reinstalada no Palácio de Inverno por orientação da Czarina Isabel, filha de Pedro I, antes de ser transferida definitivamente para Tsarskoe Selo em 1755. Bartolomeo Francesco Rastrelli, figura incontornável da fisionomia arquitectónica de São Petersburgo, ampliou o espaço, completando-o com acrescentos de mosaicos florentinos de pietra dura.
Durante a Segunda Guerra Mundial, a sala foi desmontada por tropas alemãs. A 14 de Outubro de 1941, sob o comando de Graf Solms-Laubach, foi transportada em 27 contentores para o castelo de Königsberg (hoje Kaliningrad), onde esteve acessível ao público. A partir de Janeiro de 1945, perde-se todo o rasto ao Bernsteinzimmer: a forte destruição do castelo durante bombardeamentos sugere o fim trágico da sala – esta possibilidade será a mais provável. A incerteza, porém, conduziu a diversas teorias sobre o paradeiro da sala de âmbar e a um verdadeiro mito em torno desta preciosidade. Algumas testemunhas afirmam ter visto vestígios de âmbar na estação ferroviária de Kaliningrad em 1945, o que sustentaria a hipótese de um transporte para a Alemanha (Dresden, talvez). Outras especulações relacionam o desaparecimento com a família real holandesa e o ouro nazi. Enfim, a Sala de Âmbar em nada perdeu o seu fascínio ao longo das últimas décadas.
Em 1979, o regime comunista soviético decidiu reconstruir a câmara no Palácio de Tsarskoe Selo, de acordo com as fotografias do original existentes. No âmbito do tricentenário da cidade de São Petersburgo, todo o esplendor ressuscitou a 31 de Maio de 2003: o chanceler alemão de então, Gerhard Schröder, e o presidente russo, Wladimir Putin, reinauguraram este espaço único.
Parabéns pelas fotografias, Filipe.
ResponderEliminarGostei muito deste post. Um destino a equacionar.
:)
Saudades.
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