O relacionamento entre a Alemanha e a Polónia raramente viveu capítulos pacíficos. Batalhas territoriais, invasões com guerras subsequentes e preconceitos caracterizaram esta vizinhança difícil ao longo dos últimos mil anos. A aproximação cautelosa dos dois países muito a Willy Brandt se deve: numa visita à Polónia por ocasião da assinatura do Tratado de Varsóvia em Dezembro de 1970, o antigo chanceler, em representação de uma nação outrora agressora, ajoelhou-se espontaneamente diante do monumento em honra às vítimas do Ghetto durante alguns segundos. Este gesto entrou na História da Humanidade.
O facto de a Polónia abraçar actualmente a Presidência do Conselho da União Europeia talvez tenha contribuído para uma iniciativa interessante, a decorrer na capital alemã desde sexta-feira passada: no edifício Martin Gropius de Berlim, mais de 700 peças de arte tentam testemunhar e reproduzir os episódios chave de um milénio conturbado, desde painéis de pintura, esculturas, manuscritos, desenhos, documentos, obras musicais e artesanais a fotografias e filmes. Sob o tema “Tür an Tür – Polen und Deutschland”, a exposição deverá, segundo a organizadora Anda Rottenberg, marcar um ponto de partida para um processo de conhecimento e compreensão mútuos. “No período do pós-guerra, tanto a sociedade polaca como a alemã falharam em quase toda a linha, quando se tratou de enfrentar as memórias traumatizantes”. Mantiveram-se os clichés, pouco se conhece da vivência do país vizinho. Reflexões sobre este tema complexo encontram-se sobretudo em objectos de arte contemporânea que detém grande significado. A título de exemplo, refiram-se as peças de Alina Szapocznikow que nos mostram o trauma do seu tempo passado num campo de concentração.
Como já adiantado, raros foram os momentos de convivência amigável. Todavia, um exemplo de boa vizinhança deu o logótipo a esta exposição: o rosto da princesa polaca Hedwig que, em 1475, se casou com Jorge, o Rico, do ducado da Baviera-Landshut. Correu muito sangue, mas por uma boa causa: 323 bois, 969 porcos e 3295 ovelhas foram sacrificados para que as bodas decorressem em ambiente faustoso e digno.
Até 9 de Janeiro de 2012.
O facto de a Polónia abraçar actualmente a Presidência do Conselho da União Europeia talvez tenha contribuído para uma iniciativa interessante, a decorrer na capital alemã desde sexta-feira passada: no edifício Martin Gropius de Berlim, mais de 700 peças de arte tentam testemunhar e reproduzir os episódios chave de um milénio conturbado, desde painéis de pintura, esculturas, manuscritos, desenhos, documentos, obras musicais e artesanais a fotografias e filmes. Sob o tema “Tür an Tür – Polen und Deutschland”, a exposição deverá, segundo a organizadora Anda Rottenberg, marcar um ponto de partida para um processo de conhecimento e compreensão mútuos. “No período do pós-guerra, tanto a sociedade polaca como a alemã falharam em quase toda a linha, quando se tratou de enfrentar as memórias traumatizantes”. Mantiveram-se os clichés, pouco se conhece da vivência do país vizinho. Reflexões sobre este tema complexo encontram-se sobretudo em objectos de arte contemporânea que detém grande significado. A título de exemplo, refiram-se as peças de Alina Szapocznikow que nos mostram o trauma do seu tempo passado num campo de concentração.
Como já adiantado, raros foram os momentos de convivência amigável. Todavia, um exemplo de boa vizinhança deu o logótipo a esta exposição: o rosto da princesa polaca Hedwig que, em 1475, se casou com Jorge, o Rico, do ducado da Baviera-Landshut. Correu muito sangue, mas por uma boa causa: 323 bois, 969 porcos e 3295 ovelhas foram sacrificados para que as bodas decorressem em ambiente faustoso e digno.
Até 9 de Janeiro de 2012.
Imagens: Fuzilamento de Andrzej Wróblewski, 1949; retrato de Hedwig, pintor anónimo, 1530
Filipe,
ResponderEliminarMito interessante como é costume.
Obrigada por dar a conhecer esta exposição. Ainda não sei se vou este ano a Berlim em trabalho. Quem sabe, talvez possa visitar esta exposição? :)
Não em importava de a ver. :)
ResponderEliminarTambém não me importava. Sobre as tensas relações Alemanha-Polónia lembro-me sempre de Woody Allen : " Não podemos ouvir muito Wagner seguido porque ficamos com vontade de invadir a Polónia". Se bem que a Polónia também teve muito azar com outro poderoso vizinho: a Rússia.
ResponderEliminarSe quiserem, organizamos uma ida a Berlim. Prometo que não vão ser debitados honorários de tradutor ...
ResponderEliminarE iríamos à Polónia de seguida. Todas as referências turísticas a este país são óptimas.
Aliciante!...
ResponderEliminar