Ainda sobre a polémica reestruturação dos transportes públicos, mas não só, aqui fica parte do que Clara Ferreira Alves escreveu no passado sábado na Única:
(...) Tantos tecnocratas juntos e nenhum faz a menor ideia do que seja acabar um turno à meia-noite e ter a casa nos subúrbios. Pior, o primeiro-ministro, que devia perceber a pertença a esse mundo, subscrevia a medida. Fecha-se o metro, termina-se o autocarro, e as pessoas que apanhem táxis. Como diria Maria Antonieta, que acabou mal, deixem-nos comer brioche.
Não é apenas o ministro da Economia que está desnorteado e fora da "real". Pedro Passos Coelho, que tão bem tem gerido esse "toque humano" ( tradução: sou igualzinho a vocês ), demonstra que não só não sabe o que é viver em Massamá sem carro como não sabe o que é não ter euros suficientes para resolver o problema. As pessoas não podem comer brioche. Na verdade, como qualquer primeiro-ministro ou ministro, Passos Coelho e a sua tropa estão, pelas funções que ocupam, cada vez mais longe da vida dos quotidiana dos portugueses. E não é por andarem em classe económica que essa distância vai encurtar. (...) É a distância que lhes permite tomar medidas que ferem os direitos das pessoas. Ao cabo de quatro anos de guarda-costas e motoristas, nenhuma destas criaturas que deslizam embaladas em sirenes e batedores e atrás dos vidros fumados, se recorda da realidade. Do tempo em que iam ao supermercado, ao cinema, andavam na rua ou usavam o metro. Do tempo em que eram anónimos. E habituam-se perigosamente à nova realidade. Pedro Passos Coelho terá direito a motorista o resto da sua vida. Massamá passou a ser, como a vida para Mr.Chance ( no filme " Bem-Vindo Mr.Chance ", com Peter Sellers ) " um estado de espírito".
- Massamá é um estado de espírito, na Única do passado sábado.
Num mundo ideal, o "Álvaro" e o " Pedro" leriam e reflectiriam. Num mundo ideal.
Acho que o «estado des espírito» de Passos Coelho sempre foi o de Massamá, estado de espírito de subúrbio. Para mim este estado de espírito não é identificativo de quem vive nos subúrbios, mas é um estado de espírito, se me entendem. O Álvaro até veio de Vancouver. Ou terá vindo de algum subúrbio de Vancouver? :-)
ResponderEliminarEstados de espírito à parte, o que é mesmo perigoso é o facto de passarem de vulgares cidadãos a uma outra realidade, embalados (como diz CFA) num quotidiano de confortos. É fácil passar de "burro" a "cavalo", já o contrário...
ResponderEliminarFicam realmente fora da realidade. Lembro-me de,há uns anos, um ministro que tutelava os transportes públicos ser perguntado pelos jornalistas sobre o preço de um bilhete de metro e não acertar.Ninguém é obrigado a usar transportes públicos, mas quando se tem essa pasta ao menos que se tenha a inteligência de estar informado.
ResponderEliminarMLV : O que lhes vale é que raramente têm de voltar de "cavalo" para "burro" pois é para isso que têm servido as empresas públicas, os institutos públicos e as fundações ( até a Lurdes Rodrigues acabou presidente da Luso-Americana ). Ou então, fizeram tantos "amigos" na privada que acabam administradores de grandes grupos, executivos ou não.