segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Coração

Funchal: Nova Delphi, 2011

«Quando o meu pai me deu este livro li-o como a jovem que era, apenas com alguns anos mais que Enrico, e entendi-o como o relato de um ano lectivo onde se contavam os dias de um menino da 3.ª classe numa escola de Turim, em Itália, com as suas alegrias, dúvidas, tristezas, contrariedades, amizades e desilusões. A mim, que ao contrário de muitíssimos outros jovens como Crossi, António Ou Nelli, ainda não sabia que a vida é muito mais do que brincar, estudar, aborrecer-se com ligeiras contrareidades, exibir ridículas vaidades e pequenos poderes de circunstância, este livro pareceu-me triste e dramático, um pouco pesado, até.
«Guardei-o com a percepção que não o tinha percebido e que será preciso relê-lo. O temo passou e Coração foi ficando - neste estante, arrumado entre outros livros de juventude; na minha memória como um livro intrigante.
«Agora, cerca de cinquenta anos depois, quando regressou para cima da minha mesa de trabalho para a escrita deste prefácio, cumpriu-se a epígrafe "Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara" - tinha olhado para ele, tinha-o visto, mas só agora estava a reparar.»
Início do prefácio de Violante Saramago Matos, filha de José Saramago, a uma nova edição de Coração, de Edmondo de Amicis, de que já comprei dois exemplares para oferecer a umas jovens, este Natal.
Li Coração, primeiro em duas adaptações e foram dos livros que mais reli em miúda. Só em 1982 (ano do centenário da morte de Garibaldi) li a versão original de Coração.

Lisboa: Casa do Livro Ed., 1960. (Col. Azul)

Lisboa: Livr. Bertrand, s.d.

Versão de Ricardo Alberty
Lisboa: Verbo, 1971

As duas primeiras capas são das edições que li e reli. A versão de Ricardo Alberty foi lida por outra geração, no tempo do Marco.
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Cuore, de Edmondo de Amicis (1846-1908), foi editado em Itália em 1886. No ano seguinte foi traduzido para português, directamente do italiano, por Miguel de Novaes. Tinha como subtítulo livro para rapazes e foi impresso na Typ. da Academia Real das Sciencias.

5 comentários:

  1. Tenho a edição da Bertrand ( uma colecção com as lombadas decoradas, e com outros títulos igualmentes imortais ), e uma outra de bolso, de capa castanha. Ainda hoje me lembro de passagens que me fizeram chorar ( "carta da tua mãe"," carta do teu pai", "carta da tua irmã" e outras ). Um livro de formação. As noções de honra, lealdade, patriotismo, amizade, amor filial e fraternal presentes neste pequeno-grande livro.

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  2. Era, na verdade, um livro de referência, para ser lido entre a infância e a adolescência. Em tempos, fiz um poste, no sítio do costume, agregando-o a "Falam os Animais", de Salomé de Almeida. Talvez volte a ele, porque a minha edição é ainda mais antiga do que as que MR mostra. Em geminação e complemento.

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  4. Tb me fartava de chorar a ler o Coração. :)

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  5. Tive vários livros desta colecção com capas duras, azuis, e com desenhos muito bonitos. Todavia, este livro nunca li.
    A MR aguçou-me a curiosidade. Será que ainda se encontra?

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