sábado, 8 de outubro de 2011

O Conde de Monte-Cristo como exemplo

Lisboa : Guimarães, 193-?
Lisboa: Romano Torres, 1980, vol. 1
Capa José Antunes

«A literatura pode ser ao mesmo tempo um entretenimento e uma forma de reflexão. [...]
«Por exemplo, um romance como O Conde de Monte Cristo: é o clássico romance-folhetim de aventuras, divertido, para o entretenimento das massas. Mas uma leitura inteligente sobre a vingança, o destino, a solidão, a morte, a velhice, a tragédia. Em literatura tudo é compatível. Por isso, ao longo de toda a minha vida tenho tentado compatibilizar nos meus livros a diversão e a reflexão.
- É também isso que pede no papel de leitor?
«Um livro que me faça reflectir mas que me aborreça não me serve. Preciso que o livro, além de me fazer reflectir, me divirta, que crie em mim aquele estado de ansiedade do leitor que sente a necessidade de ir virando a página, que se apaixona pelos personagens, que vive com eles. Preciso de acção e de reflexão ao mesmo tempo. Quer como leitor, quer como autor.»
Arturo Pérez-Reverte
entrevista a Carlos Vaz Marques, in Ler, lisboa, Jun. 2011, p. 27

Museu do Estuque Crece


A Crere, especialista em conservação de estuques e que detém o espólio de 4000 peças e 1200 desenhos que pertenceram à Oficina Baganha, do Porto, abriu numa loja, nessa cidade, em 2009, na Rua Escultor Henrique Moreira, n.º 49, o Museu do Estuque.
O escultor Soares dos Reis e o arquitecto Marques da Silva são dois dos artistas que colaboraram com a Baganha. A Crere, por outro lado, foi responsável pela reabilitação dos estuques do Palácio do Freixo, do Teatro Nacional São João e do Salão Árabe do Palácio da Bolsa do Porto.
http://museudoestuque.com/

Um quadro por dia - 203

A day at the seaside, óleo sobre tela.

Uma tela do paisagista britânico Alfred Glendening ( 1861-1907 ). O Outono que mais tem convidado estar à beira-mar de que me lembro.

Humor pela manhã... - 42

Humor económico-fúnebre à americana.

Ainda o 5 de Outubro



(...) O dia 5 foi roubado ao Verão ( que acabou em Setembro ), foi roubado à semana ( por ter calhado à quarta-feira ) e foi roubado, monarquicamente, ao calendário dos dias justos, celebrando a palhaçada do golpe de estado do 5 de Outubro. Vêm aí frios e chuvas politica e meteorologicamente correctos, que se vão rir, sadicamente mas com razão, da insana esperança que queimou e marcou os banhistas do dia da república. (...)

- Miguel Esteves Cardoso

(...) A pindérica festarola do " 5 de Outubro ", a que ninguém ligou, só serviu para António Costa exibir a sua costela socialista e a ideia eminentemente indígena de que o senhor do lado é que deve pagar a conta. O dr.Costa quer uma estratégia para o " desenvolvimento ", como toda a gente, e não quer " cortes ", e menos " cortes cegos ", na educação, que ele, como toda a gente, considera a grande esperança no renascimento da Pátria. " Cortar " na educação seria " cortar " no " essencial ". Como não seria, imagina com certeza o basbaque, " cortar " na saúde ou na segurança social- que o dr.Costa, num tropo obrigado, se dignou a explicar que, mesmo assim, se não deviam confundir com uma " caridade anacrónica " ou com um " assistencialismo serôdio ". Ficámos cientes. Ficámos principalmente cientes que os nossos políticos se poderiam com vantagem substituir por um realejo.

- Vasco Pulido Valente

Ambas as crónicas são do Público de ontem.

PENSAMENTO(S) - 200


O teu tempo é limitado. Por isso, não o gastes a viver a vida de outra pessoa.

- Steve Jobs ( 1955-2011 ) que, como se viu, sabia do que falava.

A noiva do mês

Enquanto por cá se celebrava o 5 de Outubro ( nas duas versões: 1910 e Tratado de Zamora ), no Palácio de Las Duenãs, a mais imponente residência particular sevilhana, casava, pela 3ªvez, a dona da casa: Maria del Rosario Cayetana Fitz-James Stuart, 18ª Duquesa de Alba, 85 anos, com o funcionário público Alfonso Diez, 60 anos de idade. A lua de mel já está a decorrer na exótica Tailândia.

Os filhos pintados pelos pais - 3

Konstantin Makovsky - Os filhos do artista, 1882

Acho este quadro encantador. Estive para o colocar na série das Frutas, mas fica melhor nesta.

Números - 63


250

Um número assustador: 250 mulheres foram mortas pelos maridos, companheiros ou namorados em Portugal nos últimos 6 anos. Que país é este, que homens são estes?

Bom dia !




Todos sabemos que o tema tragédia que dá origem a relação amorosa é a chapa nº 9 de Hollywood, mas no caso de Jane Froman ( 1907-1980 ) foi uma tragédia real que começou em Lisboa e acabou em Hollywood. A actriz e cantora foi um dos 15 sobreviventes do desastre que envolveu um Yankee Clipper da Pan Am no dia 22 de Fevereiro de 1943 no aeroporto fluvial de Cabo Ruivo, hoje Doca dos Olivais. Salva pelo co-piloto, John Curtis Burn, que improvisou uma mini-jangada, acabaram os dois em camas contíguas no Hospital de S.José. A convalescença foi longa e acabou em paixão, durando esta apenas 8 anos e terminando em divórcio. Apesar dos sofrimentos que se prolongaram durante décadas ( com 39 operações ! ), Jane Froman prosseguiu a sua carreira que terminou em concertos em Las Vegas já na década de 60.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

9 e 10 de Outubro: Oficina de fazer um livro; ciclo ‹‹A Paleta e o Mundo III››; e cinema com 'A imperatriz vermelha'

2011-10 Fazer um livro

No domingo, dia 9 de Outubro, das 15h30 às 17h30, começa uma nova oficina. Em quatro sessões vamos aprender a fazer um livro com a orientação de quatro pessoas diferente. Nesta primeira sessão vamos paginar à mão com Vítor Silva Tavares. Número máximo de participantes: 10. Para todos a partir dos 12 anos.

2011-10-10

Na segunda-feira, pelas 18h30, continua a leitura de O elogio da mão de Henri Focillon, obra citada em A Paleta e o Mundo de Mário Dionísio. A leitura comentada, com projecção dos quadros citados, é de Eduarda Dionísio.

Nessa noite, pelas 21h30, continua também o ciclo de cinema ‹‹Estrelas de Hollywood››. Projectamos o filme A imperatriz vermelha (1934, 104 min.) de Josef von Sternberg, com Marlene Dietrich. Quem apresenta é Henrique Espírito Santo.

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Associação Casa da Achada - Centro Mário Dionísio
Rua da Achada, nº 11 r/c - 1100-004 Lisboa (mapa)
telf: 21 8877090 | e-mail: casadaachada@centromariodionisio.org
página: http://www.centromariodionisio.org/
 

Pintores vistos por pintores - 9

Lorenzo Paolini - Mimmo Rotella (1918-2006)
Récollage
Retrato feito durante a exposição em Digipainting '97 (Roma, palazzo delle Fontane all'EUR, Maio 1997).

Mimmo Rotella faria hoje 93 anos.

Auto-retrato(s) - 140

Isaac Israëls (1865–1934) - Auto-retrato
Óleo sobre tela, ca 1917
Holanda, National Park De Hoge Veluwe, The Kröller-Müller Museum
Isaac Israëls (1865–1934) - Auto-retrato no estúdio
Óleo sobre tela
Isaac Israëls (1865–1934) - Auto-retrato no estúdio (frente); Jovem beleza (verso).

Isaac Israëls (1865–1934) - Auto-retrato

Este pintor holandês, que se auto-retratou (quase) sempre do mesmo ângulo,  faleceu a 7 de Outubro, em Haia.

Bom dia !



Tchaikovsky a 4 mãos por dois expoentes da pianística europeia: a francesa Brigitte Engerer e o russo Boris Berezovsky tocam o adagio de A Bela Adormecida. Toca a acordar belas e belos!

Mimmo Rotella (1918-2006)

Domenico Rotella, conhecido como Mimmo Rotella, nasceu em Catanzaro (Itália), a 7 de Outubro de 1918. Muito conhecido pelas suas colagens feitas de cartazes célebres.


A dança de Anita e Marcello
Décollage na serapilheira, 2004
Matrimónio (Sophia Loren)
Serigrafia com colagem, 2004

Um amor em Casablana
Serigrafia com colagem, 2003

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

A partida de um génio!


Steve Jobs partiu. Subiu a escada demasiado cedo!

Um génio responsável pela proximidade do mundo...

Depois da menção de MLV, aqui fica a minha homenagem.





Convento de Cristo, Tomar

Ao final da tarde... - 5 : Nneka



Uma bela voz nigeriano-germânica que em breve vai estar em Lisboa.

Lisboa

Há um poema de Tomas Transtroemer sobre Lisboa, traduzido em 21 poetas suecos, uma antologia organizada por Ana Hatherley e Vasco Graça Moura, e com tradução ainda de Almeida Faria, Casimiro de Brito e Teresa Salema (Lisboa: Vega, 1981). É dela que o transcrevo:

Anteiga cadeira do Limoeiro.
Antiga prisão do Aljube

Lisboa

No bairro de Alfama os eléctricos amarelos cantavam nas calçadas íngremes.
Havia lá duas cadeias. Uma era para ladrões.
Acenavam através das grades.
Gritavam que lhes tirassem o retrato.
«Mas aqui!», disse o condutor e riu à sucapa como se cortado ao meio,
«aqui estão políticos». Vi a fachada, a fachada, a fachada
e lá no cimo um homem à janela,
tinha um óculo e olhava para o mar.
Roupa branca no azul. Os muros quentes.
As moscas liam cartas microscópicas.
Seis anos mais tarde perguntei a uma senhora de Lisboa:
«será verdade ou só um sonho meu?»

Tomas Tranströmer
Trad. Vasco Graça Moura

É hora de ...



Depois de aqui ter trazido uma morena voluptuosa ( Nigella Lawson ), hoje é a vez da sensual loira Sophie Dahl e uma receita de algo que gosto bastante: omeletes. Esta é a Omelete Arnold Bennett. Enjoy!

O Nobel ficou em casa

Foi há pouco anunciado o nome do vencedor do Nobel da Literatura 2011, o poeta sueco Thomas Transtroemer ( 1931-), considerado o melhor poeta escandinavo vivo e o maior poeta sueco de sempre. Não conheço a obra ( vou ver se há tradução portuguesa ) mas fiquei impressionado com o que li na Wikipédia: continuou a escrever depois de ter sofrido em 1990 um AVC que o deixou hemiplégico e a sofrer de afasia.

Frase do dia



"Trocaria toda a minha tecnologia por uma tarde com Sócrates".

Steve Jobs (1955-2011)

Livros sobre bailado - 1

Já não me lembro se estes dois livros foram os primeiros que tive sobre bailado, se terão sido uns de Tomás Ribas que colocarei um dia destes.
O primeiro contém pequenas biografias das bailarinas Maria Taglioni, Mathilda Kchessinska, Ana Pavlova, Isadora Ducan, Martha Graham, Alicia Markova, Margot Fonteyn e Maria Tallchief (quase todas vivas na época), e de dois bailarinos: Nijinsky e Igor Youskévitch.
O segundo, muito ilustrado, começa por referir os anos de trabalho árduo necessários  para se chegar a bailarina, tem um ABC da dança clásica, trata da diversidade de estilos (bailados russos, afrianos, danças espanholas, etc.), da temática dos bailados, etc.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Victoria







ictoria.
Tinha este nome triumphante, que suggere ao nosso espirito manhãs claras de sol a bater nas espadas polidas dos guerreiros, musicas estridulas que fallam de sangue de heroes e de glorias coroadoras... E comtudo nada mais triste do que a sua face de quasi idiota, o seu olhar inexpressivo, o seu rir incolôr!
Ainda aos domingos era boa de vêr: as saias de chita muito rodadas, o lenço claro, o casaquito novo; o seu riso até era mais infantil e mais sonoro. Mas nos outros dias fazia pena, mesmo muita pena, vê-la tão pobresita, quasi miseravel—a saia de riscado muito remendada, o cabello a sair-lhe do lenço, rôto pelo cantaro sempre em equilibrio sobre a sua cabeça tão vazia.
Dava agua ás casas ricas, por trez tostões ao mez. Senhor, como se é infeliz; como póde alguem viver assim, n'um mundo em que outros teem tanto de sobejo! (...)

18 de junho [18]96

Ana de Castro Osório, "Victoria" in Infelizes (Histórias de Vida). Daqui [Projecto Gutenberg]

Chapéus há muitos... leões também!



Pormenor do túmulo de D. Afonso Henriques
Coimbra, Panteão Nacional de Santa Cruz (Coimbra), séc. XVI.

Dizem as Crónicas que quando D. Manuel, em 1502, a caminho de Santiago de Compostela, visitou o Mosteiro de Santa Cruz, verificou que os dois primeiros Reis estavam imolados em modestas arcas fúnebres no nartex da igreja. Em 1505 mandaram a velha igreja a baixo e começaram a nova igreja, em 1507.
As obras dos túmulos começaram em 1518 e as ossadas de D. Afonso Henriques foram trasladadas para a sua nova morada a 17 de Julho de 1520, sem a presença de D. Manuel.
Mas os túmulos não foram feitos onde hoje se encontram. Estavam no cruzeiro e só foram transferidos (?) para a capela mor (ou antes refeitos), quando frei Brás de Braga mandou construir o coro-alto (1535). Parece que foi então que houve a intervenção de Nicolau Chanterene que terá feito o Jazente e dado a forma que hoje a obra tem.
Numa publicação recente sobre O Túmulo de D. Afonso Henriques, diz-se "no túmulo de D. Afonso Henriques, no pilar do lado direito do observador, está um Doutor da Igreja, já plenamente renascentista que, por analogia, temos que atribuir a João de Ruão". Procuramos, em vão, o Doutor da Igreja.
O túmulo de D. Sancho, colocado ao lado do de seu pai, tem de ser entendido como um complemento do de D. Afonso Henriques.
Quem é que está em cada um dos pilares, em baixo: os dois evangelistas; João, tendo ao seu lado a águia, e Mateus, tendo ao seu lado a figura do anjo ou ser humanizado. Logo, no túmulo de D. Afonso Henrique encontram-se os outros dois evangelistas: lado esquerdo, Lucas, com o touro a seu lado; e do lado direito do observador, não S. Jerónimo, o Doutor da Igreja, mas sim, Marcos, o quarto evangelista, que tem como símbolo o leão, que se encontra, também, ao seu lado.


Lucas evangelista


Marcos evangelista





João evangelista

 
Mateus evangelista


Um postal com 100 anos

 Ontem, à noite, devolveram-me um Postal que eu já julgava perdido. Chegou no dia certo! Tem exactamente 100 Anos.
Trata-se de um Bilhete Postal de "Recordação do 1.º Anniversario da Republica Portugueza" (assim mesmo, anterior à reforma ortográfica), editado por Jorge Santos (R. Augusta, n.º 220, 1.º D, em Lisboa). É desdobrável e tem no seu interior letra e a música da Marcha "A Portugueza", na sua forma completa.



B. Postal (Lisboa: Jorge Santos, 1911)
  


















Frutas - 66

Cesto de frutas em estuque.
Sala do Tribunal Plenário, ex-Tribunal da Boa Hora.

Bom dia, bom feriado!

Sou republicana, todavia a história dos reis encanta-me. Quando penso nisto sinto-me sempre dividida. Bom feriado para os republicanos e monárquicos!



D. Afonso Henriques, Igreja de Santa Cruz, Coimbra



Exposição Comemorativa dos 100 Anos da Implantação da República (2010),

Casa Museu Bissaya Barreto, Coimbra



Uma árvore em Lisboa

Lisboa, 1 Out. 2011

Achei esta árvore linda, mas não sei o seu nome.

10 Out. 2011: Uns amigos de APS informaram-no que se trata de uma Ipê-rosa, árvore muito frequente no Brasil. Agradeço aos três a informação.

5 de Outubro, dia da Fundação de Portugal


Num momento histórico em que Portugal se debate com uma crise económica e social muito grave, em que muitos portugueses se vêem constrangidos a trocar o país por outros onde as suas justas expectativas de realização pessoal, ou tão só de sobrevivência com dignidade, sejam possíveis, onde a descrença, o abatimento, a revolta contra as instituições e os governos dominam o dia-a-dia, é fundamental comemorar o acto que nos uniu como povo e como Estado soberano, o momento em que Portugal nasceu, o acto que nos projectou no futuro como Nação independente.

Por isso os portugueses monárquicos vão recordar e enaltecer o dia em que pelo Tratado de Zamora, em 1143, o rei de Castela reconheceu a nossa independência, homenageando o rei que obteve pelas armas esse reconhecimento, Dom Afonso Henriques. Em Coimbra, no panteão nacional da Igreja de Santa Cruz, no dia 5 de Outubro. Um dia que será diferente porque recorda e evidencia o que nos une e não os que nos divide.
JMS