terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Tratado novo & curioso do café, do chá e do chocolate

O Tratado do café explica-nos onde e como é produzido o café, como foi descoberta a bebida e como chegou à Europa, suas qualidades e efeitos. O capítulo XII trata «Da utilidade do café para as doenças de cabeça & se ele mantém as pessoas acordadas». Conta que uma dama de Paris, que sofria de enxaquecas, depois de ter experimentado tudo o que a Medicina lhe aconselhara, resolveu tomar café por indicação de uma pessoa das suas relações, que se tinha dado bem com ele, em situação semelhante: «Ela serviu-se dele, & serviu-se com tanta felicidade que a sua saúde ficou inteiramente restaurada em poucos dias, acabando os seus sofrimentos com a sua doença. Este efeito tão pronto, tão favorável & tão inesperado persuadiu-a de que havia alguma qualidade miraculosa ligada a este remédio: & isso tanto mais que desde que o usava, reconhecia sensivelmente que o seu espírito agia com mais liberdade, mais alegria & mais força que anteriormente [...].» (p. 67)
O Tratado do chá segue um pouco o mesmo plano, sendo que os capítulos II e III tratam, respectivamente, «Das qualidade do chá para impedir o sono» e «Da virtude do chá para a cura das dores de cabeça». O capítulo V ocupa-se «Da virtude do chá para as doenças de estômago, para a gota, areias, cólica, doenças do baço, reumatismos, & outras doenças» bem como do uso «do chá com leite».
Quanto ao Tratado do chocolate, examina os ingredientes que o compõem e as razões que levaram ao seu uso primeiro em Espanha e, mais tarde, em Inglaterra, França e Itália.
«O Chocolate é uma espécie de pasta sólida composta de diferentes ingredientes dos quais o principal é o Cacau, que destemperada com um licor faz uma beberagem mui agradável ao gosto & mui útil à saúde. Eis a enumeração & a dose das drogas que se empregam nesta composição segundo as opiniões de Bartholomeu Marradon.
«Setecentos Cacaus.
«Libra & meia de Açúcar.
«Duas onças de canela.
«Catorze grãos de Pimenta do México, chamado Chile ou Pimiento.
«Meia onça de cravo da Índia.
«Três vagens de Baunilha, ou em seu lugar duas onças de Anis.
«O miolo de uma noz de Achiote.» (p. 111-112)
Livro muito interessante, esta separata da Revista do Café Português, n.º 25. Teve uma tiragem de 500, feita em papel vergé, todos fora do mercado e numerados.

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