«Uma cultura é um corpo complexo de normas, símbolos, mitos, imagens. Este conjunto penetra o indivíduo, orienta as suas emoções, alimenta a vida imaginária que cada um guarda e com a qual se cobre, modela a sua personalidade. A cultura de massa, através dos filmes, emissões televisivas, magazines, etc., penetra o indivíduo, orienta as suas emoções, muitas vezes a sua vida imaginária, contribui para modelar a sua personalidade.
[..]
«- A título pessoal, aprecia o que chamamos a cultura de massas?
«Na minha infância, fui imergido nesta cultura. Eu era e continuo um cinéfago, vejo todas as espécies de emissões televisivas, gosto de séries como New York District Polices Blues, La Loi de Los Angeles, a série brasileira Dona Beja. A cultura de massa pelo cinema e pela televisão é o único terreno comum a todos os povo, dirige-se a pessoas de todas as idades, aos dois sexos, de todas as culturas. Ela revela e acorda o homem-criança que se encontra em qualquer homem, curioso, gostando do jogo, do divertimento, do mito, do conto. Fundamentalmente profana, ela segrega o seu próprio imaginário e a sua própria mitologia, como o culto das stars, e a sua ideologia: aos valores transcendentais opõe a felicidade individual. Efectivamente, ela criou, desde os anos de 1930 até 1960, uma religião baseada na felicidade, tão ilusória como todas as religiões. Eu desprezo qualquer desprezo global, incluindo o que diz respeito à cultura de massa.»
[..]
«- A título pessoal, aprecia o que chamamos a cultura de massas?
«Na minha infância, fui imergido nesta cultura. Eu era e continuo um cinéfago, vejo todas as espécies de emissões televisivas, gosto de séries como New York District Polices Blues, La Loi de Los Angeles, a série brasileira Dona Beja. A cultura de massa pelo cinema e pela televisão é o único terreno comum a todos os povo, dirige-se a pessoas de todas as idades, aos dois sexos, de todas as culturas. Ela revela e acorda o homem-criança que se encontra em qualquer homem, curioso, gostando do jogo, do divertimento, do mito, do conto. Fundamentalmente profana, ela segrega o seu próprio imaginário e a sua própria mitologia, como o culto das stars, e a sua ideologia: aos valores transcendentais opõe a felicidade individual. Efectivamente, ela criou, desde os anos de 1930 até 1960, uma religião baseada na felicidade, tão ilusória como todas as religiões. Eu desprezo qualquer desprezo global, incluindo o que diz respeito à cultura de massa.»
Edgar Morin
In: O meu caminho: entrevista com Djénane Kareh Tager. Lisboa: Inst. Piajet,, 2009, p. 99, 101-102
Nos últimos dias tenho estado a ler esta entrevista de Edgar Morin, em que ele passa em revista a sua vida. Muito interessante. Vai voltar aqui ao blogue.
Não sou tão optimista como Morin faz crer, com a resposta que dá. Bom dia!
ResponderEliminarE muitos parabéns!
Obrigada! :)
ResponderEliminar