sábado, 17 de março de 2012

Os sinais

V.I.T.R.I.O.L.

III
Indócil testemunha a Lua comparece
a quem abre sinal no cartório do Sol.

V
É quando o Sol galopa no teu ventre
que de súbito a Lua te esporeia

VII
Brilha nas mãos do Sol o gume de um cutelo
O pescoço da Lua é que há-de ser o alvo

X
As pegadas do Sol nem sempre a Lua
lentamente as desfaz quando se oculta

XIV
Lunático é o Sol deixando-se queimar
Bem mais sólida é a Lua apesar de sonâmbula

XVI
Os subúrbios do Sol são quase sempre
o que a Lua me aluga por momentos

XIX
É tão fácil dizer-te ó Sol que te agradeço
Tão raro confessar-te ó Lua que te esqueço

David Mourão-Ferreira

3 comentários:

  1. Não conhecia este estranho poema Davifeniano. Embora eu não seja especialista: é-o o meu Amigo A. de A. M., que lhe é da Família..:-)

    ResponderEliminar
  2. Está na edição da poesia completa.

    ResponderEliminar
  3. A simbólica é rica, e estranhamente familiar :)

    ResponderEliminar