Livro Antigo
violetas secas entre páginas de livros onde em tempos anunciaram o amargor da noite e a humidade tremenda das insónias
o mar
o mar ao longe
debruça-se então para o interior do livro
lê qualquer coisa sobre o coração dos líquenes
ou deambula de sílaba em sílaba onde
os dedos se mancham de tinta e no cérebro
ergue-se uma planta de cinza noite adiante
fechou o livro ao amanhecer
era como se tivesse envelhecido séculos
com as violetas
fecha a persiana e adormece
Al Berto, O Medo, Lisboa: Assírio & Alvim, 5ª ed., 2005.
Missal Rico, Fl. II, 2º Domingo do Advento, Introito, Biblioteca Pública e Municipal do Porto, imagem retirada da revista Oceanos, A Luz do Mundo, Iluminura Portuguesa Quinhentista, nº 26 Abril/Junho 1996, Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses.
A fotografia da revista é de Laura Castro Caldas e Paulo Cintra
"violetas secas entre páginas de livros"...
ResponderEliminarFoi assim que apareceu o trevo...
O poema é bonito...uma entrega total ao livro, até ao amanhecer.
A fotografia magnífica.
Beijinhos
Cláudia,
ResponderEliminarObrigada, o trevo é para mim muito especial!
As violetas também são especiais e livros antigos é paixão.
Na iluminura são miosótis (como indica o artigo) mas são tão parecidos com violetas que resolvi colocar.
Este número da revista Oceanos é de encher os olhos.
Al Berto é um poeta que estimo muito.
Beijinhos. :)