sexta-feira, 11 de maio de 2012

"...ao longe está uma estrela"

Junto-me ao Luís na homenagem a Bernardo Sassetti.
Uma perda irreparável quando os ponteiros param durante o alvor.

Deve chamar-se tristeza

Deve chamar-se tristeza
Isto que não sei que seja
Que me inquieta sem surpresa,
Saudade que não deseja.
Sim, tristeza — mas aquela
Que nasce de conhecer
Que ao longe está uma estrela
E ao perto está não a ter.
Seja o que for, é o que tenho.
Tudo mais é tudo só.
E eu deixo ir o pó que apanho
De entre as mãos ricas de pó.
19-8-1930

Fernando Pessoa, Poesias Inéditas (1919-1930) (Nota prévia de Vitorino Nemésio e notas de Jorge Nemésio.) Lisboa: Ática, 1956 (imp. 1990) p. 156.

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